Erdogan reclama mais fundos para estancar
migrantes
Bissau, 11 mar
20 (ANG) - O presidente turco Recep Erdogan deslocou-se quarta-feira a Bruxelas
no intuito de se avistar com os dirigentes da NATO a quem já pediu um
"apoio concreto" no conflito na Síria com o regime de Bachar el Assad
e a Rússia.
No âmbito desta
deslocação, Erdogan encontra-se igualmente com os parceiros europeus para
discutir sobre a gestão dos fluxos migratórios, depois de a Turquia ter aberto
há dias o caminho rumo à Europa de migrantes e refugiados sírios, o que
provocou tensões na fronteira com a Grécia.
Em cima da mesa está o acordo que a União
Europeia fez com a Turquia em 2016 no pico da última crise migratória. Na
altura, Ancara comprometeu-se a estancar a chegada à União Europeia de
refugiados e migrantes sírios em troca de uma assistência financeira de 6 mil
milhões de euros.
Mas a Turquia que acolhe 3,6 milhões de
refugiados sírios no seu território, considera que o envelope não tem sido
suficiente e pretende agora renegociar o acordo com mais apoio financeiro. A
Comissão Europeia admite que sobre os 6 mil milhões de euros previstos, apenas
3,2 mil milhões foram efectivamente desbloqueados.
Nos últimos dias, as autoridades turcas
têm mantido a pressão permitindo que migrantes passem as suas fronteiras
dirigindo-se Grécia.
A situação dos migrantes e, em particular,
a situação dos migrantes menores não acompanhados tem preocupado as ONGs.
Vários países, nomeadamente a Alemanha, a França, o Luxemburgo, a Finlândia e
Portugal declararam-se dispostos a acolher até 1500 menores que se encontram em
campos gregos, confirmou hoje a presidente da Comissão.
Ursula von der Leyen vai representar União
Europeia, juntamente com o presidente do Conselho, no encontro desta tarde com
o presidente Erdogan.
Para além da tensão migratória na
fronteira greco-turca, outros pontos estão em discussão, designadamente a
segurança e a estabilidade na região, bem como a crise na Síria. A este
respeito, após avistar-se com Jens Stottenberg, secretário-geral da NATO,
Erdogan reclamou "o apoio concreto de todos os aliados", argumentando
que "a NATO se encontra num processo crítico no qual ela deve demonstrar
claramente a sua solidariedade de aliança" com a Turquia.
Desde o passado mês de Dezembro, Ancara
tem-se envolvido em confrontos com as tropas de Bachar el Assad apoiadas pelos
russos em Idlib, zona do noroeste da Síria que faz fronteira com a Turquia que
o exército sírio pretende tirar das mãos dos rebeldes e jihadistas apoiados por
Erdogan. Só no passado mês de Fevereiro, mais de 50 soldados turcos perderam a
vida nos combates em Idlib.
Refira-se ainda que de acordo com o
Observatório Sírio dos Direitos do Homem, as violências mataram cerca de 500
civis desde Dezembro e provocaram, segundo a ONU, cerca de um milhão de
deslocados, nesta que é considerada a pior crise humanitária vivenciada a nível
mundial. ANG/RFI
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