Brexit/O novo normal para os cidadãos a partir de 01 de Janeiro
Bissau, 31 Dez 20
(ANG) – A partir de sexta-feira, o ‘Brexit’ torna-se uma realidade e cidadãos
europeus e britânicos vão ter de se habituar ao “novo normal” nas relações
entre o Reino Unido e a União Europeia (UE), com impacto em áreas como o
turismo, trabalho e estudos.
O Acordo de
Comércio e Cooperação UE-Reino Unido finalizado a 24 de Dezembro clarificou
várias questões que afectam directamente pessoas e empresas.
Para além de
turistas, a isenção recíproca de visto a estadias de até 90 dias durante um
período de seis meses passa a abranger viagens de negócios. Em alguns casos,
deslocações profissionais podem ser prolongadas até três anos. Estadias mais
longas terão de ter em conta as leis nacionais.
Os britânicos terão
de viajar com passaporte com pelo menos seis meses de validade e emitido depois
de 2011. Os europeus podem continuar a usar cartões de identidade europeus como
o Cartão do Cidadão até 30 de Setembro de 2021. A partir de 01 de Outubro de
2021, será necessário mostrar na fronteira um passaporte biométrico válido
durante o período de estadia.
Em alguns países
europeus os britânicos vão ter de apresentar uma carta de condução
internacional para poder conduzir. As cartas de condução europeias serão
aceites no Reino Unido.
Para viajar com
animais de estimação, britânicos e europeus deixam de poder usar o actual
“passaporte” e precisam de um certificado de saúde animal e vacinas em dia.
A partir de 01 de
Janeiro de 2021, os viajantes do Reino Unido deixam de poder transportar
produtos de origem animal na bagagem pessoal para a UE. Isto pode incluir, por
exemplo, uma sanduíche de queijo ou fiambre ou um iogurte. Existem excepções
para certas quantidades de leite infantil em pó e comida para crianças e
animais de estimação.
Já no regresso ao
Reino Unido vão poder transportar a uma quantidade de bebidas alcoólicas e
tabaco sem pagar impostos à entrada (duty free). Uma pessoa tem direito a, no
total, 42 litros de cerveja, 18 litros de vinho, quatro litros de bebidas
espirituosas e 200 cigarros para consumo pessoal.
O envio de
encomendas postais entre o Reino Unido e UE vai ser mais complicado, com a
necessidade de preenchimento de formulários de declaração sobre o tipo de
mercadoria, valor e peso e poderão ser sujeito a taxas e impostos.
O uso do telemóvel
no estrangeiro (roaming) deixa de ser gratuito, mas o Acordo diz que ambos os
lados devem encorajar os operadores a oferecer “tarifas transparentes e
razoáveis”. Várias operadoras britânicas comprometeram-se a não cobrar
chamadas, mensagens e uso de dados aos clientes durante viagens na UE.
O Acordo garantiu
assistência médica recíproca durante o período de estadia temporária, seja de
britânicos na UE ou de europeus no Reino Unido. Os cartões de saúde europeus
detidos por britânicos vão permanecer válidos até o fim do prazo e depois
substituídos por um Cartão de Seguro de Doença Global do Reino Unido. Porém, as
autoridades britânicas continuam a aconselhar seguro de viagem porque cobre
situações adicionais, como operações de socorro ou de repatriação.
Indivíduos que
circulem entre o Reino Unido e a UE no futuro terão a sua situação protegida
graças a uma coordenação entre sistemas, mantendo acesso a uma variedade de
benefícios de seguridade social e a uma pensão de reforma do Estado actualizada.
As pensões e outras prestações pecuniárias serão pagas, mesmo que o indivíduo
resida noutro país.
Os europeus vão
precisar de um visto de trabalho que pode custar entre 610 e 1.408 libras (676
e 1.561 euros) e pagar uma sobretaxa de 624 libras (692 euros) para ter
serviços de saúde. Para se estabelecerem no Reino Unido por um período longo,
precisam de uma oferta de emprego e provar alguma fluência na língua inglesa,
com um nível de salário mínimo definido por lei.
Para os britânicos,
um trabalho remunerado poderá necessitar de visto e / ou uma autorização de
trabalho, dependendo da legislação em vigor no país da UE em causa.
Deixará de haver
reconhecimento automático de qualificações profissionais, como médicos,
enfermeiros, engenheiros ou arquitectos. O Acordo prevê, no entanto, um
mecanismo através do qual a UE e o Reino Unido poderão concordar
posteriormente, caso a caso e para profissões específicas, o reconhecimento
mútuo de certas qualificações profissionais.
Os estudantes
britânicos vão deixar de beneficiar do programa de intercâmbio de estudantes
europeu Erasmus, que será substituído por um novo programa com o nome do
matemático britânico Alan Turing para financiar experiências académicas em todo
o mundo. Uma excepção para a Irlanda do Norte, que continuará a beneficiar
graças a um protocolo com a República da Irlanda.
Os jovens europeus
que queiram estudar nas conceituadas universidades britânicas vão ter de pagar
345 libras (383 euros) por um visto, a sobretaxa de saúde e pagar mensalidades
mais onerosas, que podem ser até quatro vezes mais elevadas para estrangeiros. ANG/Inforpress/Lusa
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