ONU/PAM ressalta disparidades no preço de alimentos
entre países
Bissau, 21 Dez 20 (ANG) - O Programa
Mundial de Alimentos, PMA, apresentou o “Custo de um Prato de Alimentos 2020”
que compara o preço da comida entre os países com base na renda salarial
dos consumidores.
Utilizando uma tabela com variantes e
índices em 36 países, o PMA constatou que um trabalhador em Nova
Iorque gasta 0,6% do seu salário com um prato feito com arroz e feijão. A
mesma refeição equivaleria a US$ 393 no Sudão do Sul, ou 186% do salário mensal
de um trabalhador no país africano.
Essas disparidades foram agravadas com a crise da Covid-19. Por causa
da pandemia, houve um aumento de 27 pontos percentuais no valor gasto
para uma refeição básica no Sudão do Sul.
Esta é a terceira edição do estudo, que
analisa as razões para a insegurança alimentar no mundo com base em múltiplos
fatores. A falta de meios para comprar comida deixa milhões de pessoas com
fome. Além disso, fatores como conflitos, mudança climática influenciam na
situação.
Moçambique é o único país de língua
portuguesa entre as 36 nações analisadas pelo índice. Na relação
aparecem ainda Burundi, Malauí, Haiti, Sudão e Mali. São 17 países da
África Subsaariana. Das Américas estão República Dominicana,
Colômbia e Panamá nos lugares 33, 34 e 35, respectivamente.
O diretor-executivo do PMA,
David Beasley, disse que a análise expõe o quão destrutivo é o
impacto do conflito, da mudança climática e de crises econômicas agora
agravadas pela Covid-19.
O chefe da
agência ressalta que os piores efeitos recaem sobre os mais
vulneráveis cujas vidas eram limitadas antes
da pandemia, diante da pior crise humanitária desde a Segunda
Guerra Mundial. Agora, a situação “é muito pior, pois a pandemia
ameaça levar a nada menos do que uma catástrofe humanitária”.
O relatório aponta o
fator conflito como chave para a fome em muitos países. Esta situação
leva pessoas a abandonar suas casas, terras e empregos, reduzindo de forma
drástica a renda e a disponibilidade de alimentos a preços acessíveis.
Ao receber o Prêmio Nobel da
Paz, este mês, o PMA ressaltou a estreita conexão entre segurança
alimentar e paz. Até 270 milhões de pessoas terão as vidas
e os meios de subsistência de sob grande ameaça este
ano, se não houver medidas imediatas para combater a pandemia.
Burquina Fasso aparece pela
primeira vez no índice pela onda de conflitos aliada a mudanças climáticas. O
número de pessoas com fome ali triplicou para 3,4 milhões e mais
11 mil habitantes das províncias do norte do país estão
ameaçados.
Quanto ao Haiti, o documento realça
o gasto de mais de um terço da renda
diária pelos habitantes para comprar um prato de comida, o
equivalente a US$ 74 para
quem vive em Nova Iorque.
Contribuem para a situação
haitiana as importações de metade dos alimentos e 83% do arroz. Esses
fatores tornam o país vulnerável à inflação e à volatilidade dos preços nos
mercados internacionais, em especial em crises como a atual
pandemia.
Beasley ressaltou
que os habitantes de áreas urbanas também “estão altamente
vulneráveis”, diante de efeitos da pandemia como as altas no
desemprego, que baixam o poder de uso dos mercados alimentares
de que as pessoas dependem.
Para milhões delas “perder um dia
de trabalho significa perder um dia de comida, para elas e seus filhos”. Esse
fator também pode causar crescentes tensões sociais e instabilidade.
Antes chamado de “Contando
os Feijões”, o relatório usa a variável da renda média
estimada em cada país para calcular a percentagem dos gastos em
uma refeição básica, como alguns feijões ou lentilhas, com um carboidrato de
preferência local.
O preço que um residente em Nova Iorque
poderia pagar foi calculado com base na relação entre a refeição e renda entre
este e um habitante de uma nação em desenvolvimento. ANG/ONU NEWS
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