Justiça/PGR acusa PAIGC de arquitetar “ignomínias” por “medo” e
“desorientação”
"Mas, mais estranho e preocupante, designadamente para a democracia, é o facto de eu ter deixado o cargo de ministro da Função Pública, em agosto de 2011, e o de ministro do Interior, em abril de 2012, e nunca o PAIGC ter manifestado qualquer desconfiança, nem qualquer acusação em relação ao meu desempenho no Governo, nem ter promovido qualquer processo disciplinar contra mim", pode ler-se na carta.
Fernando Gomes questiona também a razão pela qual a direção do PAIGC o acusa agora de dois crimes e o designou como delegado do congresso do partido, realizado em 2018.
"Será que já estava consciente de que eu era criminoso e corrupto quando me acolheu nas suas fileiras", questiona Fernando Gomes, na carta.
O Procurador-Geral da República salienta também que se o PAIGC sabia que ele era "criminoso" e "corrupto" deve explicar as razões pelas quais se manteve em silêncio nos últimos oito anos, se é prática do partido "calar e encobrir crimes cometidos pelos seus militantes" ou "fundamentar por que está a mentir e a mando de quem".
"Estranha coincidência esta de a atual direção do PAIGC só agora, quando foi emitido o mandado de captura internacional contra Domingos Simões Pereira, ter-se lembrado de me acusar como criminoso e corrupto", sublinha Fernando Gomes.
Admitindo a possibilidade de recorrer à via judicial para defender a sua "honra" e "bom-nome", Fernando Gomes anunciou também que vai renunciar como militante do partido, por não reconhecer a atual direção e "sobretudo ao seu atual líder, idoneidade, sentido de responsabilidade, de justiça e de serviço público".
O Procurador-Geral da República guineense anunciou na sexta-feira ter emitido um mandado de captura internacional contra Domingos Simões Pereira no âmbito de um processo-crime, sem avançar mais pormenores.
O grupo parlamentar do PAIGC pediu hoje a demissão de Fernando Gomes para responder por alegados "crimes de sangue" e de "desvio de fundos".
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