ONU/Relator pede a Trump para perdoar criador do WikiLeaks
Julian Assange
Bissau, 23 Dez 20 (ANG) - O relator especial
da ONU sobre tortura e tratamento cruel e desumano pediu ao presidente dos
Estados Unidos que perdoe o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
Nils Melzer escreveu uma carta a Donald
Trump dizendo que Assange tem sido privado da liberdade nos últimos 10 anos
“pela coragem de expor a verdade.”
No próximo dia 4, um tribunal britânico
deverá decidir se Assange será extraditado para os Estados Unidos, para ser
julgado. Se condenado pelas acusações de divulgação de informações secretas,
ele pode passar até 175 anos na prisão.
Em 2010, o WikiLeaks divulgou imagens de
soldados americanos no Iraque e outras informações sem autorização.
Julian Assange está detido na prisão de
segurança máxima, Bellmarsh, em Londres desde abril do ano passado. Ele foi
retirado à força da Embaixada do Equador, onde havia se refugiado por vários
anos.
Na carta ao presidente Trump, o relator
especial conta que visitou Julian Assange na prisão com dois médicos
independentes que atestam que a saúde do ativista piorou e tem risco de morte.
Assange sofre de uma doença respiratória e está exposto a contrair a pandemia
no presídio.
O relator explica que Assange não é e
nunca foi um “inimigo do povo americano” e que a WikiLeaks luta contra a
corrupção em todo o mundo “sendo de interesse dos americanos e de toda a
humanidade.”
O especialista em direitos humanos
também diz na carta a Donald Trump, que Assange jamais publicou mentiras e que
qualquer dano à reputação causado pelas publicações não é por causa de Assange,
mas sim por causa das irregularidades que ele expôs na internet.
Um outro ponto do relator é que “Assange
jamais hackeou ou roubou a informação divulgada” pelo WikiLeaks. Segundo Nils
Melzer, os documentos foram obtidos por fontes da mesma forma usada por
jornalistas investigativos. Para Melzer, as publicações não podem ser
consideradas crimes.
A carta diz que um processo contra
Julian Assange seria incompatível com os valores centrais de justiça, Estado de
direito e liberdade de imprensa, refletidos na Constituição dos Estados Unidos
e em instrumentos internacionais de direitos humanos, que foram ratificados
pelo país.
O relator lembra que o presidente Donald
Trump prometeu executar uma agenda de combate à corrupção no governo e que
processar Assange seria o equivalente a “atirar no mensageiro”.
Num apelo final, o especialista em
direitos humanos diz que o perdão presidencial a Assange representaria o
restabelecimento de um homem de “coragem que está sofrendo injustiça,
perseguição e humilhação há mais de uma década simplesmente por dizer a
verdade.”
*Os relatores de direitos humanos são
independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.ANG/ONU
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