Política/Presidente da República afasta possibilidade de dissolução do parlamento após diálogo
Bissau,24 Dez
20(ANG) - O Presidente Umaro Sissoco Embaló, afastou quarta-feira a
possibilidade de dissolver a Assembleia Nacional Popular, após um encontro com
os líderes das bancadas parlamentares.
"Isso já não vai acontecer, porque com o diálogo entendemos outra coisa. O Presidente da República tem de ser o moderador. Estou aqui como Presidente da República, de todos os guineenses", disse Umaro Sissoco Embaló, quando questionado pelos jornalistas, no final do encontro.
O chefe de Estado disse também que
durante o encontro todos foram unânimes de que o "interesse supremo"
de todos os guineenses é o desenvolvimento do país.
"Enquanto Presidente da República,
foi um dos melhores dias de exercício das minhas funções", disse,
sublinhando que todos têm o direito de dar a sua opinião, mas na base do
respeito, e que o lema de 2021 é todos os guineenses juntos.
Na semana passada, o chefe de Estado discutiu
numa reunião com cinco dos seis partidos
com assento parlamentar a possibilidade
de dissolução do parlamento, tendo convocado igualmente o Conselho de Estado.
Tanto os partidos políticos como o
Conselho de Estado consideraram não existir qualquer crise política que
justificasse a dissolução da Assembleia Nacional Popular e a convocação de
eleições antecipadas, apesar de a decisão caber apenas a Umaro Sissoco Embaló.
O líder da bancada parlamentar do
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Califa
Seidi, manifestou satisfação com o encontro.
"Por um lado serviu para um diálogo
que é bom sempre ter, mas, por outro lado, vimos o Presidente a exercer a sua
magistratura de influência para haver estabilidade, tranquilidade, sobretudo,
no parlamento, onde às vezes com o fervor do debate há algum excesso",
disse.
Califa Seidi disse que pediu também a
Umaro Sissoco Embaló para continuar com esta magistratura de influência em
relação a outros assuntos que possam estar a afligir o povo da Guiné-Bissau.
A bancada parlamentar do Partido de
Renovação Social, através do seu líder, Nicolau dos Santos também felicitou a
iniciativa do Presidente e disse que os deputados têm obrigação de dar outra
imagem da Guiné-Bissau.
Disse que o Presidente pediu para que a
Assembleia Nacional Popular seja um "parlamento modelo".
O líder da bancada parlamentar do
Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Abdu Mané, disse que a
iniciativa do Presidente da República mostra que é "aglutinador", que
"respeita a Constituição e a legalidade democrática".
"Nós coexistimos nas nossas
diferenças, mas devemos ter respeito mútuo", salientou, acrescentando que
o encontro foi positivo para reforçar a confiança entre partidos políticos.
O líder da bancada da Assembleia do Povo
Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Marciano Indi, disse
que a liberdade de expressão está consagrada na Constituição, mas não deve
ultrapassar os limites.
"Nós devemos instruir os nossos
deputados para que a nossa linguagem ajude o país a desenvolver-se",
salientou.
Marciano Indi sublinhou também que o
papel do Presidente é apaziguar ânimos, juntar as pessoas, independentemente
dos partidos, para que falem e se entendam e pensem no futuro do país.
O deputado da APU-PDGB pediu também para
resolver o assunto do antigo primeiro-ministro Aristides Gomes - refugiado há
meses na sede das Nações Unidas em Bissau -, lembrando que a Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) é que lhe pediu para assumir
o cargo, e de Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, em relação a quem o
procurador-geral da República emitiu um mandado de captura internacional, na
semana passada.
"O diálogo salva a Guiné-Bissau e
pedimos para continuar o que começou hoje", salientou.
O deputado Agnelo Regala, da União para
Mudança, disse que o encontro permitiu "de forma clara e frontal abordar
determinadas questões".
"O diálogo é que deve ser a base de
todo o processo, que queremos desenvolver para a estabilidade, para apaziguar a
sociedade para andarmos para a frente", salientou, pedindo que todos remem
no mesmo sentido.
"Nós somos adversários, não
inimigos, a campanha eleitoral acabou, e devemos concentrar as nossas atenções
naquilo que é fundamental neste momento, que são os problemas de
desenvolvimento e que afligem todos os guineenses", acrescentou.
O Partido da Nova Democracia, através do
seu líder e deputado Iaia Djaló, destacou que o diálogo é o melhor para futuro
do país.ANG/Lusa
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