Moçambique/Dois polícias torturados e mortos
Bissau, 13 Mar 25 (ANG) - Dois agentes da
Polícia da República de Moçambique (PRM) foram torturados e mortos por um
grupo de indivíduos no posto administrativo de Miciasse, na província de
Zambézia, no centro do país, disse hoje fonte da corporação.
Ambos foram destacados para fazer, na segunda-feira, o estudo e mapeamento para
revitalização das estruturas comunitárias de segurança e implantação de uma
posição tática policial naquele posto administrativo, disse o porta-voz do
comando provincial da PRM na Zambézia, Miguel Caetano.
"Já no mercado local, quando se reuniam
com parte da população para aferir a sensibilidade da comunidade (...), um
grupo de indivíduos mal-intencionados, munidos de instrumentos contundentes,
surpreenderam os membros da polícia", explicou.
Segundo o representante, o grupo, composto
por cerca de 11 indivíduos, amarrou e agrediu os agentes.
"Parte da população que estava naquele
local tentou, sem sucesso, socorrer os dois membros da PRM, que estavam a ser
agredidos brutalmente por aquele grupo de indivíduos", disse.
De acordo com Miguel Caetano, já foram
identificados os indivíduos envolvidos no crime, estando já a decorrer ações
para a detenção dos mesmos.
"Garantimos e assumimos que nos próximos
dias poderemos neutralizá-los, porque são indivíduos conhecidos",
acrescentou.
Também a organização não-governamental
moçambicana Decide, que monitoriza os processos eleitorais no país, confirmou
este caso, ocorrido no distrito de Molumbo, a 20 quilómetros da vila sede de
Miciasse.
"De recordar que a população exige a
devolução das cinco pessoas que perderam a vida naquele ponto, aquando das
manifestações pós-eleitorais, para posteriormente manter-se uma relação cordial
com a polícia", descreve hoje a Decide, acrescentando que do total de 357
mortos verificados nas diversas manifestações e agitação social desde as
eleições gerais de 09 de outubro, pouco mais de 4% "são agentes
pertencentes às forças de segurança".
As mortes acontecem num momento em que
Moçambique ainda vive um clima de agitação social pós-eleitoral, após mais
de três meses de manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato
presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais, que
deram vitória a Daniel Chapo.
Atualmente, os protestos, agora em pequena
escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação
aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros
problemas sociais.
O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.ANG/Lusa

Sem comentários:
Enviar um comentário