“É uma boa altura para MP
esclarecer desaparecimento dos 12 milhões de Angola” diz José M. Vaz
Bissau, 08 Jul 19(ANG) – O Presidente da
República cessante, José Mário Vaz, considerou que agora é uma boa altura para
o Ministério Público esclarecer o
alegado desaparecimento de 12 milhões de dólares dados por Angola, processo em
que chegou a ser detido.
“Estamos no melhor momento para o
Ministério Público averiguar essa situação, porque os protagonistas estão todos
no país. Estou eu, está a ex-secretária de Estado do Orçamento e Assuntos
Fiscais, está o ex-secretário de Estado do Tesouro, está o ex-primeiro-ministro
e está a filha do ex-primeiro-ministro”, disse José Mário Vaz em entrevista à
Lusa e à RTP.
O Presidente guineense considerou que a
sua detenção durante 72 horas tinha como objectivo impedir o seu posicionamento
político, explicando que na altura tinha a ambição de ser candidato à presidência
do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
“É um ajuste de contas que me deixou
profundamente magoado porque não é possível o ministro das Finanças [cargo que
ocupava na altura} ter roubado 12 milhões de dólares na presença da secretária
de Estado do Orçamento, do ex-secretário de Estado do Tesouro, do
primeiro-ministro e da filha do primeiro-ministro que trabalhava no banco onde
estavam os 12 milhões e em que o primeiro-ministro era accionista”, salientou.
O Presidente argumentou que os 12
milhões de dólares (10,68 milhões de euros ao câmbio actual) foram utilizados
para satisfazer as necessidades do país naquela altura.
“Se algum dinheiro foi desviado, não foi
no meu tempo, como ministro das Finanças”, afirmou.
José Mário Vaz foi detido pela justiça,
em 2013, num processo de averiguações relacionado com o alegado desaparecimento
de dinheiro relativo a apoio orçamental entregue por Angola à Guiné-Bissau na
altura em que era ministro das Finanças (entre 2009 e 2012), no governo
liderado por Carlos Gomes Júnior.
Questionado sobre as acusações que lhe
têm sido feitas sobre venda de ilhas do arquipélago dos Bijagós por 20 milhões
de dólares (17,8 milhões de euros) a interesses árabes, aquisição de hotéis de
luxo em Bissau e de alegado envolvimento de familiares seus no tráfico de
droga, o Presidente guineense refutou todas as acusações.
“Não sei se é permitido vender ilhas.
Mas eu pergunto, os 20 milhões de dólares, onde está o dinheiro e queria saber
o grupo de interesses a quem vendi as ilhas? A quem vendi e onde estão os 20
milhões de dólares? Estamos na Guiné-Bissau, mas se estivéssemos num outro
país, o Ministério Público estaria a ouvir essas pessoas”, disse.
Relativamente às acusações de
envolvimento da sua família no tráfico de droga, José Mário Vaz referiu que a
sua família é humilde e chegou onde chegou “graças aos princípios e valores”
que receberam e que o assunto está a ser tratado pela justiça.
“Relativamente aos hotéis de luxo que
dizem que eu tenho. Não sei qual deles se estão a referir. Faço um apelo ao
Ministério Público para esclarecer essa situação, que hotel, que percentagem
tenho e é importante que se faça isso para esclarecimento da opinião pública”,
concluiu. ANG/Inforpress/Lusa
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