FIJ /Mais de 2.650 jornalistas mortos nos
últimos 30 anos, 42 em 2020
Bissau, 12 Dez 20 (ANG) – Mais de 2.650 jornalistas foram mortos
nos últimos 30 anos, dos quais 42 em 2020, segundo o Livro Branco sobre
Jornalismo Global, da Federação Internacional de Jornalistas(FIJ), divulgado no
Dia Internacional dos Direitos Humanos.
“Quando a Federação Internacional de Jornalistas publicou o seu primeiro relatório anual de jornalistas mortos em 1990, poucos previram que a ‘lista de jornalistas mortos’ ainda estaria em vigor 30 anos depois, abrangendo todo o globo”, refere a federação, no Dia da Declaração Universal dos Direitos do Homem – Dia dos Direitos Humanos.
“Para marcar o Dia
Internacional dos Direitos Humanos em 10 de Dezembro de 2020”, a Federação
Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla inglesa), “a maior organização de
jornalistas profissionais com 600.000 membros em 150 países, publica um
documento de referência: o Livro Branco sobre Jornalismo Global”.
Neste documento, a FIJ
refere que “2.658 jornalistas foram assassinados desde 1990, 42 deles em 2020,
e 235 estão actualmente na prisão”.
A federação “foi a
primeira organização a representar jornalistas a dar o alarme sobre os seus
assassinatos e mapear o seu destino todos os anos”, enquanto eram alvo
“impunemente em todos os cantos do globo, brutalizados, baleados, sequestrados”
pelos inimigos da liberdade de imprensa, lê-se no documento.
“Quando começámos a
contar, em 1990, listámos 40 jornalistas e trabalhadores media mortos nesse
ano”, refere.
Mais de metade dos
jornalistas foram mortos nos “10 lugares mais perigosos de países que sofreram
violência de guerra, crime e corrupção, bem como uma catastrófica quebra da lei
e ordem”, refere o Livro Branco.
O Iraque, com 339
mortos, está no tipo da lista, seguido do México (175), Filipinas (159),
Paquistão (138), Índia (116), Federação Russa (110), Argélia (106), Síria (96),
Somália (93) e Afeganistão (93).
De acordo com o
documento, os anos mais mortíferos para os jornalistas foram 2006 e 2007, com
155 e 135 mortos, respectivamente, reflectindo a guerra do Iraque e “o banho de
sangue sectário que resultou 69 e 65 [mortos] (quase 50%) “, em cada um
daqueles anos.
“No Iraque, que lidera a
mesa e adquiriu o apelido do país mais assassino do mundo para jornalistas, os
assassinatos de jornalistas eram raros na primeira década” quando a IFJ começou
a contabilizar, mas só em 2003, “com a invasão anglo-americana” é que os
números começaram a aumentar.
De forma semelhante, os
números no Afeganistão “reflectem as consequências da invasão dos Estados
Unidos em 2001”.
Estes são apenas dois
exemplos de países onde a violência de guerra teve reflexo na vida dos
profissionais de media.
“Não há uma explicação
única porque é que os jornalistas são considerados alvo, mas uma das principais
causas são sempre guerras e conflitos armados” em que os que noticiam os
acontecimentos estão expostos a ferimentos, raptos ou pior, prossegue.
“Nos últimos anos surgiu
uma nova ameaça” que envolve organizações terroristas, muitas delas a operar na
região do Médio Oriente.
No caso do assassinato
dos jornalistas do jornal satírico Charlie Hebdo, ficou provado que “eles podem
lançar um ataque em qualquer parte do mundo”, aponta o Livro Branco sobre
Jornalismo Global.
Já em outras regiões,
não é a guerra, mas os barões do crime e autoridades corruptas que lideram os
assassinatos.
Historicamente, regiões
como o Médio Oriente registaram uma relativa calma nos primeiros 10 dos 30 anos
em análise. Ou seja, apenas 16 jornalistas foram mortos entre 1990 e 2020 e só
com a invasão do Iraque, em 2003, é que os números começaram a subir,
acrescenta.
“As estatísticas
acumuladas ao longo do período revelam um padrão regular de jornalistas mortos
todos os anos”, prossegue o documento.
Em 25 dos últimos 30
anos, “nunca menos de 50 jornalistas” foram listados como mortos. E se a
fasquia for aumentada, irá descobrir-se que “75 jornalistas foram mortos em 20
dos 30 anos” em análise, e 100 em 11 anos do mesmo período.
O pico aconteceu em 2006
e 2007 e os números mais baixos registaram-se em 1998 e 2000 (37).
Os padrões das variações
regionais levantam o véu sobre como as mortes evoluíram ao longo dos anos, de
acordo com variáveis específicas: A região Ásia Pacífico lidera, com 681
jornalistas mortos, seguido da América Latina, com 571, o Médio Oriente, com
558, África, com 466, e Europa, com 373.
Até 29 de Novembro deste
ano, foram mortos 42 jornalistas: 15 na América, 13 na Ásia-Pacífico, seis em
África, seis no Médio Oriente e mundo Árabe, e dois na Europa.
Nos países considerados
mais perigosos para jornalistas, foram mortos este ano 13 no México, cinco no
Paquistão, três no Afeganistão, e igual número na Índia, Nigéria e Iraque.
Registaram-se também
duas mortes nas Filipinas, Somália e Síria, e um jornalista morto nos Camarões,
Honduras, Paraguai, Rússia, Suécia e Iémen. ANG/Inforpress/Lusa
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