Angola/Jornalista recusa pedir desculpas públicas e é detido
Bissau, 03 Out 23 (ANG) - O
jornalista angolano, Carlos Alberto, foi condenado a três anos de prisão por
difamação, denúncia caluniosa e abuso de liberdade de imprensa contra o antigo
vice-procurador-geral da República, Mota Liz.
"O Sindicato dos
Jornalistas Angolanos (SJA) está solidário com o jornalista Carlos Alberto
porque defende incondicionalmente os jornalistas", defende o secretário-geral
do SJA, Teixeira Cândido.
"O Sindicato dos Jornalistas Angolanos faz da discriminação da
atividade jornalística a sua bandeira há 30 anos, razão pela qual temos mais do
que motivos suficientes para manifestar a nossa solidariedade com Carlos
Alberto", defende o secretário-geral do SJA, Teixeira
Cândido.
O Tribunal de Comarca de Luanda emitiu um mandado de captura contra o
jornalista, autor do blog "a denúncia" e antigo
agente dos Serviços de Informação do Estado (SINFO), Carlos Alberto, condenado
a uma pena de prisão de três anos por difamação, denúncia caluniosa e abuso da
liberdade de imprensa contra o antigo vice-procurador-geral da República Mota
Liz.
A pena tinha sido suspensa, caso Carlos Alberto apresentasse, num
período de 60 dias, um pedido de desculpas ao antigo procurador. Segundo fontes
do tribunal, o pedido de desculpas não aconteceu. Nas redes sociais, o
jornalista Carlos Alberto, defendeu-se e escreveu; "comecei por
pedir desculpas ao ex-vice-procurado-geral da República Luís de Assunção Pedro
de Mouta Liz no 19° dia, após a decisão de recurso ao Tribunal Supremo, que
aumentou a minha pena de prisão para três anos, caso eu não pedisse desculpas
públicas".
Teixeira Cândido lembra, ainda, que o sindicato não conhece, ao
certo, "os fundamentos [da detenção] porque o mandado circulou nas
redes sociais, mas não se conhecem as razões que estiveram na base desta
detenção. Sabemos que Carlos Alberto foi condenado a três anos [de prisão] pelo
Tribunal Supremo, depois de, em primeira instância, ter sido condenado a dois
anos. A pena tinha sido suspensa com a condição de Carlos Alberto pedisse
desculpas publicamente durante 60 dias ao ex-procurador-geral da
República".
"O acusado diz ter feito este pedido de desculpa, mas o advogado -
segundo informações que o sindicato apurou - indica que [o jornalista] não o
fez como era esperado. Segundo o advogado, o ofendido retomava as acusações que
ele foi fazendo nos textos que deram origem a este processo judicial. Esperamos
que o tribunal possa reavaliar, e se for o caso, impor o dever de Carlos
Alberto poder responder em liberdade a esta sanção", concluiu.
Na sua página de facebook, Carlos Alberto,
dirige-se à comunidade nacional e internacional para anunciar que se
encontra "detido em cumprimento de um mandado de captura ilegal, por
supostamente ter faltado a uma audiência de julgamento, sem ter justificado a
falta, quando nunca tomámos conhecimento disso. Tal como prometi, cumpri a
ordem de prisão sem apresentar nenhuma resistência e elogio o profissionalismo
dos agentes atuantes do SIC. Reprovo o tráfico de influência levado a cabo pelo
suposto ofendido Mouta Liz".
A RFI contactou o Ministério da Justiça angolano que diz desconhecer o
caso. ANG/RFI
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