Forças Armadas/Presidente da República exonera chefe do Exército e nomeia para cargo chefe particular
Bissau, 01 out, 23
(ANG) – O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, exonerou no sábado, o
Chefe do Estado-Maior do Exército, Lassana Massaly, e nomeou para o cargo Horta
Inta-a, escolhido há menos de um mês para Chefe Maior particular, segundo
decretos presidenciais.
Em três decretos
presidenciais publicados no sábado, fica estabelecido que o major-general Steve
Lassana Massaly é exonerado do cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército e é
nomeado Inspetor-Geral das Forças Armadas, cargo de que foi exonerado o
contra-almirante Estevão Namena.
O cargo de Chefe
do Estado-Maior do Exército passa a ser ocupado por Horta Inta-a, que tinha
sido nomeado, em 01 de setembro, um dia depois de ter sido exonerado pelo
Governo das funções de comandante da Guarda Nacional, Chefe do Estado-Maior
particular do Presidente.
Esta foi a
primeira nomeação de um Chefe do Estado-Maior particular da Presidência da
República, embora o cargo exista nos países africanos francófonos.
A presidência da
República não adianta se o lugar vai ser novamente ocupado, nem esclarece as
razões para as mudanças hoje determinadas nos decretos presidenciais.
Segundo várias
fontes contactadas pela Lusa, o general Lassana Massaly, agora exonerado de
Chefe do Estado-Maior do Exército, esteve presente nas comemorações dos 50 anos
da independência da Guiné-Bissau, em Lugadjol, um ato que o Presidente da
República desaprovou.
O evento realizado
nas colinas do Boé, onde há 50 anos foi declarada a independência da
Guiné-Bissau, foi promovido pela Assembleia Nacional Popular (ANP).
De acordo com as
mesmas fontes, o general foi apresentado naquela cerimónia pelo presidente da
ANP, Domingos Simões Pereira, como sendo o representante do Estado-Maior
General das Forças Armadas.
As comemorações
dos 50 anos da independência têm agitado a vida política guineense nos últimos
dias, com um confronto entre o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e
o presidente da Assembleia Nacional Popular e do PAIGC (Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde), Domingos Simões Pereira.
O Presidente da
República considerou as comemorações promovidas pela Assembleia como uma
manifestação de um partido, numa referência ao PAIGC, que lidera a coligação no
Governo PAI- Terra Ranka.
Sissoco Embaló
anunciou também a data das próximas eleições presidenciais para daqui a dois
anos, em 24 de novembro de 2025 e afirmou que vai recandidatar-se,
apresentando-se como vencedor à primeira volta.
Domingos Simões
Pereira considerou “desenquadradas” as declarações do chefe de Estado.
“A referência
feita pelo Presidente da República, de se tratar da manifestação de um partido
político e de manobras para enganar o povo, foi inadequada e inaceitável, da
mesma forma que as considerações que se seguiram tanto em relação à data das
eleições como ao facto de já haver um vencedor antecipado e à primeira volta,
são informações mal enquadradas e que Assembleia Nacional Popular não aceita”,
disse.
A bancada
parlamentar do Movimento para a Alternância Democrática, Madem-G15, partido do
Presidente da República, convocou uma conferência de imprensa para dizer que o
presidente da Assembleia Nacional Popular não tem condições para se manter no
cargo e exigiu ao chefe de Estado a dissolução do parlamento, sob a ameaça de
mobilizar o povo.
O Espaço de
Concertação das Organizações da Sociedade Civil reagiu, em comunicado, à
situação política considerando “grave” e “alheio aos interesses superiores” do
país o confronto entre órgãos de soberania.
Estas organizações exortam “firmemente os titulares de órgãos de soberania no sentido de se absterem de comportamentos suscetíveis de por em causa a paz, a estabilidade governativa e a vontade popular inequivocamente expressa nas umas na sequência das últimas eleições legislativas” de 04 de junho.ANG/Lusa
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