Novo Parlamento será mais verde e populista
Bissau, 28 mai
19 (ANG) - Os resultados preliminares das eleições europeias mostraram avanço
dos verdes e populistas de direita.
Pela primeira vez os conservadores e
socialistas, que formam os dois partidos tradicionais do Parlamento Europeu,
perderam poder.
Os partidos populistas de direita e eurocéticos
avançaram nas eleições de domingo (26), mas o resultado foi mais modesto do que
o previsto. A extrema direita Alternativa para a Alemanha(AfD) teve um
desempenho morno nas urnas e na França o partido Reunião Nacional, de Marine Le
Pen , não conseguiu ultrapassar a porcentagem obtida nas eleições
europeias de 2014.
No entanto, na Itália, Hungria e Polônia, onde o
populismo nacionalista comanda governos, estes partidos saíram vitoriosos e até
fortalecidos. O aumento desta bancada desafia o poder do tradicional bloco de
centro direita e centro esquerda em Bruxelas.
Uma surpresa destas eleições foi os resultados dos
verdes na Alemanha, França e Irlanda, que enviará pela primeira vez
representantes dos partidos ecológicos para o Parlamento Europeu. A taxa de
participação dos eleitores (51%), a mais alta dos últimos 20 anos, retirou a
maioria que as duas principais bancadas formavam. Agora elas devem iniciar
negociações complicadas com outros partidos.
O equilíbrio de forças do novo Parlamento Europeu será
bem diferente do atual. O Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, vai
continuar sendo a maior bancada parlamentar com 179 eurodeputados e 42 assentos
a menos do que na atual legislatura. Por ser a legenda que mais perdeu,
dificilmente deve conseguir emplacar a candidatura do alemão Manfred Weber,
cabeça-de-lista do PPE, para a presidência da nova Comissão Europeia.
O Partido Socialista Europeu (PSE), a segunda maior
força do Parlamento, caiu de 191 para 150. Segundo os resultados preliminares,
os liberais cresceram radicalmente com os votos do partido A República em
Marcha (LREM), do presidente francês, Emmanuel Macron.
No novo Parlamento Europeu, eles terão 107 cadeiras,
se tornando o terceiro maior grupo político. Outro avanço vem dos verdes, que
subiram para 70 assentos. A presença dos partidos de direita nacionalista e
populista deve facilmente ultrapassar 100 eurodeputados. Depois do Brexit, o
número de deputados europeus será reduzido a 705 mas a composição atual é de
751 deputados.
A voz mais impositora certamente vai ser do populista
Nigel Farage, principal protagonista da campanha vitoriosa para a saída do
Reino Unido da União Europeia. O novo Partido do Brexit de Farage ganhou quase
metade das 73 cadeiras do Reino Unido, humilhando os conservadores do governo
que estão reduzidos a 5 deputados.
Vale lembrar que assim que o Brexit acontecer, os
eurodeputados britânicos perderão seus cargos. Na Alemanha, o país mais
populoso da União Europeia, os Verdes foram os grandes ganhadores, apesar da
vitória para a coalizão liderada pela chanceler alemã Angela Merkel. Eles
obtiveram quase o dobro das últimas eleições há cinco anos e chegaram em
segundo lugar, com 20,5%.
O bloco de Merkel formado por União Democrata Cristã
(CDU) e seu partido irmão, União Social Cristã (CSU), receberam 27,5% dos
votos, mas registraram uma queda de sete pontos percentuais em relação ao
último pleito em 2014. O Partido Social Democrata (SPD) sofreu nova derrota
ficando em terceiro lugar e a legenda populista de direita Alternativa para a
Alemanha(AfD) teve 10,5% dos votos).
Na França, o partido de extrema direita Reunião
Nacional (RN, Ex-Frente Nacional), de Marine Le Pen obteve novamente o primeiro
lugar nas eleições europeias. Le Pen recebeu 23,3% dos votos contra 22,4% para
A República em Marcha (LREM), do presidente Emmanuel Macron. Mas a surpresa
ficou com a Europa Ecologia – Os Verdes (EELV) com 12,8% que deve enviar 12
deputados ao Parlamento Europeu.
Na Itália, o partido nacionalista e de extrema-direita
Liga Norte, do vice-premiê Matteo Salvini venceu com cerca de 30% dos votos.
Salvini assegurou que a coligação de governo se mantém apesar das fortes perdas
do Movimento 5 Estrelas (M5S), ultrapassado pelos socialistas do Partido
Democrático (PD). A Liga governa com o Movimento 5 Estrelas desde junho do ano
passado.ANG/RFI
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