Bissau, 27 mai 19 (ANG) - Os partidos da maioria
parlamentar da Guiné-Bissau avisaram que a marcha realizada no passado sábado é
a última exigência pacífica para a nomeação do primeiro-ministro e formação do
Governo, depois das legislativas de 10 de março.
"Este é o
nosso último ensaio, a nossa última chamada de atenção, última exigência
pacífica que fazemos não só ao povo guineense, mas também à comunidade
internacional", afirmou o
presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC),
Domingos Simões Pereira, vencedor das últimas legislativas.
No
discurso, proferido no final do protesto que juntou milhares de pessoas em
Bissau, Domingos Simões Pereira disse que a Guiné-Bissau "não é o
diabo" e exigiu à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO) para resolver o problema, salientando que no país as leis também são
para cumprir.
"Exigimos à CEDEAO porque se a CEDEAO não for parte da solução, é porque é
parte do problema", afirmou.
Domingos
Simões Pereira alertou também para a grave situação económica do país -
confirmada pelo Fundo Monetário Internacional - que pode entrar em
"bancarrota" e "falência total" se o novo Governo não for
nomeado.
"Isso é o que o Presidente (da Guiné-Bissau, José Mário Vaz) quer, um estado
de caos",disse.
Domingos Simões Pereira afirmou também que é tempo de haver uma nova
Guiné-Bissau que exige respeito.
"A Guiné-Bissau ajoelhada com os braços no ar, a pedir, acabou de vez. Se
olharem para os países do mundo e africanos estão bem e não há segredos e
magias, há só uma coisa: a lei, ordem e disciplina, e foram capazes de garantir
que a justiça funcione", afirmou.
Numa
mensagem à comunidade internacional, o presidente do PAIGC sublinhou que quem
estiver interessado em ajudar tem de saber que "só há um caminho que é
aquele que é feito através da lei, da Constituição, da ordem, da disciplina e
do desenvolvimento".
Às Forças
Armadas guineenses, o presidente do PAIGC disse que têm uma "herança
extraordinária", mas que só faz sentido ao serviço da Justiça e do Estado
de Direito democrático.
"As pessoas que têm poder, a começar pelo Presidente da República, é que
estão a ensaiar golpes de Estado. Ele próprio é que está a pedir que finjam que
há um golpe de Estado para ver se eu tomo medidas mais fortes ou se fujo e
abandono o país", afirmou Domingos
Simões Pereira, referindo-se aos rumores que têm circulado nos últimos dias em
Bissau sobre alegadas tentativas de golpes.
O
presidente do PAIGC salientou também que se não fez golpes depois de ter sido
demitido em 2015, depois de vencer as eleições legislativas de 2014, também não
o vai fazer em 2019.
"Nós respeitamos todos os organismos internacionais, mas desta vez têm de
nos deixar construir o nosso país",
afirmou Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da
Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assinou com o PAIGC, a União para Mudança e o
Partido da Nova Democracia um acordo de incidência parlamentar e governativa.
Aqueles
quatro partidos juntos têm 54 dos 102 deputados do parlamento guineense.
"Domingos
Simões Pereira, custe o que custar, se não for primeiro-ministro estamos a
caminho de uma nova revolução", disse
Nuno Nabian, salientando que há uma maioria para garantir ao povo guineense
quatro anos de governação.ANG/Lusa
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