Bissau, 28 mai 19 (ANG) - O Movimento para a
Alternância Democrática da Guiné-Bissau (Madem-G15) condenou as
"declarações provocatórios" do líder do Partido Africano da
Independencia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, e pediu
"serenidade" aos guineenses.
Em comunicado
à imprensa, o partido, liderado por Braima Camará, condenou o que considerou
serem as "declarações provocatórias e subversivas do líder do PAIGC por
incitar à violência e à anarquia no país".
No
sábado, durante mais um protesto da maioria parlamentar do país para exigir ao
Presidente a nomeação do primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira afirmou que
aquela manifestação era a última "exigência pacífica".
"Este é o nosso último ensaio, a nossa última chamada de atenção, última
exigência pacífica que fazemos não só ao povo guineense, mas também à
comunidade internacional", afirmou
o presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC), vencedor das últimas legislativas.
O
Madem-G15 responsabiliza também o PAIGC e os seus aliados pelas
"consequências políticas, económicas e sociais que se estão e se vierem a
registar na Guiné-Bissau", devido ao que o partido considera ser um "comportamento abusivo, arrogante e ilegal, motivado pela obsessão
pelo exercício do poder absoluto"no país.
O
movimento, criado por um grupo de dissidentes do PAIGC e que ficou em segundo
lugar nas legislativas de 10 de março, felicita também a comunidade
internacional pela "clarividência e objetividade" no comunicado
divulgado na sexta-feira.
As Nações
Unidas, a União Europeia, a União Africana, a Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa pediram na
sexta-feira a todos os atores políticos guineenses para se empenharem num
diálogo construtivo e salientaram a urgência para a necessidade de ser nomeado
um primeiro-ministro e marcadas as eleições presidenciais.
Também o
Governo português manifestou no sábado "preocupação com o atraso na
nomeação de um Governo na Guiné-Bissau, apesar de estarem reunidas todas as
condições exigíveis" para que isso aconteça.
"Portugal
recorda que os resultados das eleições legislativas do passado dia 10 de março
e os acordos interpartidários subsequentes permitiram constituir uma maioria
parlamentar e, portanto, garantir a viabilização de um Governo", refere-se num comunicado do Ministério dos Negócios
Estrangeiros português, em que se apela à formação, "sem mais
delongas", de um executivo que "reflita a escolha do povo
guineense".
No
comunicado de hoje, o Madem-G15 alerta a comunidade internacional para a
"postura irresponsável, violenta e antidemocrática do líder do PAIGC ao
decidir lançar um apelo direto às Forças Armadas Republicanas do país para
desta vez abrirem caminho à anarquia e ao golpe de Estado na
Guiné-Bissau".
O
Madem-G15 pediu também aos guineenses para manterem a calma e a serenidade.
Dois
meses depois das eleições legislativas, o novo primeiro-ministro da
Guiné-Bissau ainda não foi indigitado pelo Presidente guineense, José Mário
Vaz, e o novo Governo também não tomou posse devido a um novo impasse político,
que teve início com a eleição dos membros da Assembleia Nacional Popular.
Depois de
Cipriano Cassamá, do PAIGC, ter sido reconduzido no cargo de presidente do parlamento,
e Nuno Nabian, da APU-PDGB, ter sido eleito primeiro vice-presidente, a maior
parte dos deputados guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento
para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo
vice-presidente do parlamento.
O
Madem-G15 recusou avançar com outro nome para cargo e apresentou uma
providência cautelar para anular a votação, mas que foi recusada pelo Supremo
Tribunal de Justiça.
Por outro
lado, o Partido de Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome
do primeiro secretário da mesa da assembleia.
O
parlamento da Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos, um, que inclui
o PAIGC (partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a
Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que juntou o
Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o Partido de Renovação Social, com
48.
Em
declarações à imprensa, o Presidente guineense justificou o atraso na nomeação
do primeiro-ministro com a falta de entendimento.
"Não temos primeiro-ministro até hoje, porque ainda temos esperança que
haja um entendimento entre partidos políticos na constituição da mesa da
Assembleia e porque o Governo é da emanação da Assembleia", disse. ANG/Lusa
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