Mali/Comunidade internacional preocupada com a situação do
país
Bissau,14 Jul 20(ANG) - A comunidade internaci
onal manifestou a sua "profunda" preocupação com a evolução da situação no Mali, depois da manifestação de 10 deste mês, exigindo a demissão do Presidente brahim Boubacar Kéita, acusado de "má governação" e "má gestão" da crise multiforme no país.A inquietação foi expressa por
representantes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO), da União Africana (UA), da União Europeia (UE) e das Nações Unidas no
Mali, depois da manifestação organizada pelo Movimento de 5 de Junho -
Coligação das Forças Patrióticas (M5-RFP).
Num comunicado à imprensa transmitido pela
PANA, em Bamako, estas organizações lamentam que edifícios públicos e privados
sejam visados pela violência que causou perda de vidas humanas, numerosos
feridos e deterioração de bens do Estado e particulares.
Os representantes destas organizações
apresentam as suas "mais profundas condolências" às famílias
enlutadas e desejam rápidas melhoras a todos os feridos e condenam fortemente
qualquer forma de violência como meio de resolver a crise.
Condenam o uso da força letal no quadro
da manutenção da ordem e convidam todas as partes à contenção e pedem
ainda para priorizar o diálogo, a acção concertada e os canais pacíficos para a
resolução de crises.
Exprimem a sua preocupação pela detenção
dos líderes do Movimento M5-RFP, o que consideram contrário ao espírito de
diálogo manifestado pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro e
convidam o Governo maliano a criar as condições para este diálogo político, a
começar pela libertação dos detidos.
Declaram-se persuadidos de que as conclusões
da recente missão ministerial da CEDEAO lançou as bases para uma solução
apropriada com vista a um acordo político para acabar com a crise.
Os ministros das Relações Exteriores do
Níger, da Nigéria e da Côte d'Ivoire e o presidente da Comissão da organização
sub-regional estiveram, de 18 a 20 de Junho, na capital do Mali, para encontrar
uma solução para a crise maliana.
No termo desta visita, os emissários da
CEDEAO recomendaram, entre outras, a organização de eleições legislativas
parciais nas circunscrições eleitorais onde se contesta os resultados finais
proclamados pelo Tribunal Constitucional e a formação de um Governo de unidade
nacional.
Sexta-feira, milhares de manifestantes
juntaram-se pela terceira vez na Praça da Independência, em Bamako, depois das
manifestações de 5 e 19 de Junho, para exigir a demissão do Presidente Kéita e
do seu regime.
Foram depois à Assembleia Nacional e à
Radiotelevisão do Mali (ORTM), que saquearam parcialmente, antes de pilharam e
queimarem veículos públicos e privados.
Esta acção de desobediência civil
lançada pelo M5-RFP continuou sábado, domingo e segunda-feira.
Um relatório final dá conta de 11 mortos
e mais de 120 feridos, segundo fontes hospitalares. O funeral destas
vítimas mortas pela Polícia ocorreu domingo à tarde sob a liderança do
influente Imam Dicko, autoridade moral da contestação.
Este último aproveitou a oportunidade
para exortar os jovens a uma maior contenção e a absterem-se de destruir os
bens do Estado e privados, mantendo a disciplina.
"Podemos conseguir o que procuramos sem violência", aconselhou o Imam Dicko, ex-presidente do Alto Conselho Islâmico do Mali (HCIM), a maior organização religiosa do país.ANG/Angop
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