ONU/Guterres
alerta que a paz e segurança estão ameaçadas pelo novo coronavirus
Bissau,03 Jul 20(ANG) -- A pandemia do novo coronavírus está também a
ameaçar a paz e a segurança no mundo, advertiu quinta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, num debate no Conselho de Segurança.Perante vários ministros dos Negócios
Estrangeiros, e através de uma videoconferência, Guterres defendeu que as
consequências da covid-19 neste contexto podem valorizar-se “mesmo em alguns
países tradicionalmente vistos como estáveis”, mas notam-se ainda mais nos que
estão envoltos em conflitos ou a sair deles.
“Nalguns países, os processos de paz
frágeis podem descarrilar por causa da crise, sobretudo se a comunidade
internacional estiver distraída”, frisou o secretário-geral das Nações Unidas,
destacando os casos na região sudanesa de Darfur ou da Somália, onde teme que o
grupo ‘jihadista’ Al-Shabab possa aumentar o número de ataques enquanto as
autoridades de centram na pandemia do novo coronavírus.
Guterres alertou também para o facto de
as restrições à circulação impostas para travar a propagação da pandemia
“complicam a diplomacia”, dado que as tarefas de mediação costumam ser “muito
pessoais” e à distância é “mais difícil gerar confiança”.
O antigo primeiro-ministro português
destacou também que a pandemia ilustra o risco de possíveis “ataques
bioterroristas”, uma vez que deixou a nu a falta de preparação do mundo face ao
hipotético caso de que uma doença possa ser “manipulada deliberadamente para a
tornar mais virulenta ou se se a liberta intencionalmente em vários locais ao
mesmo tempo”.
“Ao mesmo tempo que devemos saber como
melhorar a nossa resposta a futuras doenças, também devemos dedicar muita
atenção a prevenir o uso deliberado de doenças como armas”, acrescentou.
Nesse sentido, Guterres urgiu aos 14
países que não assinaram a Convenção sobre Armas Biológicas para que o aprovem
quanto antes, apelando ainda ao reforço deste instrumento de fiscalização, a
que faltam mecanismos de verificação.
“A melhor resposta às armas biológicas é
uma acção efectiva contra as doenças que ocorrem de forma normal. Uns sistemas
de saúde pública e de veterinária fortes não só são uma ferramenta essencial contra
a covid-19, coimo também uma dissuasão efetiva contra o desenvolvimento de
armas biológicas”, defendeu Guterres
O secretário-geral da ONU referiu-se
também ao aumento do ódio e dos ataques aos direitos das pessoas, advertindo
que a pandemia está a revelar uma “mostra crescente do autoritarismo” e do uso
excessivo da força por parte das autoridades, bem como a dar novos pretextos a
“populistas, nacionalistas e outros que estavam à procura de limitar os
direitos humanos”.
“O estigma e os discursos de ódio estão
a aumentar. E a epidemia de desinformação na Internet corre desenfreada”,
lamentou Guterres, lembrando as consequências para a estabilidade que a crise
económica pode desencadear por causa da covid-19.
No debate participaram os chefes da
diplomacia de vários Estados-membros do Conselho de Segurança da ONU, entre
eles o da França, Jean-Yves Le Drian, que pediu o reforço da unidade
internacional face aos grandes problemas que o mundo está a enfrentar.
O seu homólogo alemão, Heiko Maas,
presidiu a reunião e também exigiu “respostas globais para dificuldades
globais”.
“Temos de dar uma resposta, no quadro do
Conselho de Segurança, às consequências que as pandemias têm em conflitos e em
crises humanitárias”, frisou Maas.ANG/Angop
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