CPLP/Conselho de Ministros deve aprovar novo acordo-sede que isenta organização do pagamento de impostos
Bissau, 08 Dez 20 (ANG)
– O Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
deverá aprovar, na quarta-feira, um novo acordo-sede com Portugal, que permite
à organização várias poupanças, nomeadamente em impostos e taxas, disseram os
seus responsáveis.
“O novo acordo sede da
CPLP é um dos assuntos que vai estar na agenda do próximo Conselho de
Ministros”, que se realiza na quarta-feira, confirmaram à Lusa o embaixador de
Cabo Verde em Lisboa, país que tem a presidência rotativa da organização até
Julho de 2021, e o secretário-executivo da comunidade.
“Um acordo mais justo
para a CPLP”, que passa a ter direitos e deveres iguais aos de outras
organizações internacionais também com sede em Portugal, considerou o diplomata
Francisco Ribeiro Telles, em declarações à Lusa, referindo que o acordo não tem
efeitos retroactivos.
“A CPLP vai fazer 25
anos, é uma organização que está sediada em Lisboa, talvez das mais antigas.
Posteriormente, já outras se instalaram em Portugal e estabeleceram com o
Estado hospedeiro um acordo que prevê uma série de disposições”, não aplicadas
à CPLP, explicou.
“Portanto, o que se
trata neste novo acordo sede é de actualizar aquilo que foi assinado há 25 anos
entre o Estado [onde fica a sede da organização] e a CPLP, para que esta possa
vir a ter os mesmos direitos e os mesmos deveres que as outras organizações
internacionais sedeadas em Lisboa”, afirmou.
Alguns dos direitos que
a CPLP passa a ter é o de isenção de impostos.
“Fica isenta de impostos
directos e indirectos, e de taxas alfandegárias”, o que representa poupanças
significativas, reconheceu Ribeiro Telles, dizendo, porém, que o valor das
mesmas ainda não está calculado.
A CPLP “poderá
beneficiar em termos financeiros e económicos” deste acordo, “tanto como as
outras organizações internacionais” sediadas em Portugal, sublinhou.
“Portugal apresentou a
sua proposta e esta vai agora a apreciação e eventual aprovação do Conselho de
Ministros” da CPLP, explicou o diplomata, recordando que quando assumiu o
cargo, uma das coisas que lhe foi transmitida, quer pela sua antecessora, a são-tomense
Maria do Carmo Silveira, quer pelo anterior secretário-executivo moçambicano
Murade Murargy, foi que se poderia fazer alguma coisa em relação à negociação
de um novo acordo sede com Portugal, um assunto no qual tinham batalhado
durante os seus mandatos, mas sem sucesso.
A ideia passada a
Ribeiro Telles pelos seus antecessores era que talvez com um
secretário-executivo português houvesse “melhores condições para avançar” e
“avançou”, disse o diplomata.
Caso a proposta seja
aprovada no Conselho de Ministros de quarta-feira, o acordo poderá depois ser
assinado pelo secretário-executivo, do lado da CPLP, e pelo Ministro dos
Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, do lado de Portugal, sem
precisar de ir à Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, podendo,
assim, entrar em vigor ainda este ano.
Para o embaixador de
Cabo Verde em Portugal, este não é um assunto “polémico” na agenda do Conselho
de Ministros “até porque já foi apreciado ao nível do Comité de Concertação
Permanente [onde se reúnem mensalmente os embaixadores dos Estados-membros da
CPLP em Portugal] e este congratulou-se com o acordo alcançado”.
“Isto muda muita coisa
para os trabalhadores e para a organização em si”, considerou Eurico Monteiro.
Pelo acordo ainda em vigor,
a “CPLP era tratada como uma entidade normal no território português”. Deste
modo, tinha sempre alguma “resistência” em observar regras que se aplicam a uma
entidade “privada estrangeira colocada em território português”.
“O que agora se vem
fazer é atribuir um estatuto [à CPLP] que se atribui às entidades políticas com
representação diplomática no território português e, portanto, passa a ter um
conjunto de benefícios fiscais, de isenções, que são atribuídas a outras
organizações”, sublinhou.
A CPLP integra nove
Estados-membros – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. ANG/Inforpress/Lusa
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