Madrid/Cimeira Espanha-Marrocos volta após oito anos
Bissau, 01 Fev 23 (ANG) - Espanha e Marrocos iniciam esta quarta-feira em Rabat a primeira cimeira desde 2015, com a qual querem selar uma nova fase nas relações bilaterais, que atravessaram uma crise por causa do Sahara Ocidental.
O diferendo
intensificou-se em Abril de 2021, por causa de o líder do movimento
independentista sarauí Frente Polisário, Brahim Ghali, doente com covid-19, ter
sido tratado num hospital espanhol.
A questão do Sahara
Ocidental, uma antiga colónia espanhola considerada um "território não
autónomo" pela ONU, opõe há décadas Marrocos aos separatistas sarauís da
Frente Polisário.
Para resolver o
diferendo, Espanha alterou o seu posicionamento histórico em relação ao Sahara
Ocidental e reconheceu, por escrito, que a proposta apresentada por Rabat em
2007, para que aquele território seja uma região autónoma controlada por
Marrocos, é "a base mais séria, credível e realista para a resolução deste
litígio".
Marrocos, em troca,
reconheceu implicitamente ter fronteiras terrestres com Espanha, ao acordar a
instalação de alfândegas nas cidades espanholas de Ceuta e Melilla, territórios
que tradicionalmente reclama, considerando-as "cidades ocupadas".
Espanha esforçou-se por
recuperar as relações diplomáticas com Marrocos depois de ver perturbados,
durante o diferendo, as trocas comerciais, os investimentos espanhóis no país
vizinho e o controlo da imigração ilegal nas fronteiras partilhadas.
Em 2022, e com a
normalização das relações diplomáticas, as trocas comerciais entre os dois
países aumentaram 33% em relação a 2021, alcançando os 10 mil milhões de euros,
e os fluxos migratórios ilegais que chegaram a Espanha desde Marrocos
diminuíram 25%.
A cimeira arranca hoje à
tarde com um fórum empresarial em que estarão presentes o primeiro-ministro
espanhol, Pedro Sánchez, e o seu homólogo marroquino, Aziz Ajanuch, e termina
na quinta-feira com a assinatura de 20 acordos de cooperação. ANG/Angop
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