Egíto/Diretora-geral da OMC alerta que mundo está numa situação "mais difícil"
Bissau, 27 Fev 24 (ANG) – A diretora da OMC alertou segunda-feira na abertura da 13.ª conferência ministerial da organização, em Abu Dhabi, que o mundo está numa situação “mais difícil” e apelou à reforma e à revitalização da organização internacional.
“Se pensávamos que o mundo parecia estranho em meados de Maio de 2022, quando emergíamos lentamente da pandemia e quando a guerra na Ucrânia tinha abalado a segurança alimentar e energética, hoje encontramo-nos numa situação ainda mais difícil”, disse Ngozi Okonjo-Iweala, durante o seu discurso na sessão de abertura da cimeira Organização Mundial do Comércio, que decorre até 29 de Fevereiro, nos Emirados Árabes Unidos.
Nesta reunião, a diretora deu ainda as
boas-vindas a Timor-Leste e às Comores como novos membros da organização, os
primeiros em oito anos. Com estas novas adições, a organização totaliza 166
Estados-membros.
"Olhando à nossa volta, a incerteza e
a instabilidade estão em toda a parte. As tensões políticas pioraram. Os
conflitos espalharam-se, como vemos aqui no Médio Oriente e, longe das
manchetes, em partes de África e do mundo árabe. Não devemos esquecer o
conflito em Sudão, que deslocou cerca de oito milhões de pessoas internamente e
através das fronteiras", afirmou a responsável da OMC.
A responsável afirmou que o aumento dos
preços dos alimentos, da energia, dos fertilizantes e de outros produtos
essenciais continua a "sobrecarregar o poder de compra da população",
bem como as "perturbações no transporte marítimo em vias navegáveis
vitais, como o Mar Vermelho e o Canal do Panamá.
Esta "nova fonte de atrasos e pressões
inflacionárias" oferece um "lembrete em tempo real dos riscos que os
problemas de segurança e a crise climática representam para o comércio e a
produção globais", observou.
Okonjo-Iweala sublinhou ainda que a OMC
precisa de permanecer "forte”, acrescentando que a organização deve
“continuar a reformar e revitalizar a OMC para que possa produzir resultados
para o comércio nos próximos anos, aproveitando todo o potencial dos serviços e
do comércio digital", acelerando o comércio para a transição ecológica e
promovendo a inclusão socioeconómica.
A diretora-geral da OMC também quis
destacar o clima positivo que vê na capital dos Emirados Árabes Unidos (EAU)
após as sessões anteriores em Genebra, sede da OMC.
"O sucesso está a mudar o tom da OMC,
tanto dentro como fora desta. Sim, teremos sempre detratores, mas não há dúvida
de que os membros demonstraram que podemos alcançar o que nos propusemos quando
subimos as mangas ou reunimos a vontade política necessária (…). Os ministros
terão de ‘arregaçar as mangas’ mais uma vez para concluir os trabalhos
pendentes em Genebra", afirmou.
Durante o seu discurso, insistiu que esta
melhoria do ambiente deve ser convertida em "resultados concretos"
para demonstrar ao mundo que a OMC "não só apoia mais de três quartos do
comércio mundial de mercadorias, mas é também um fórum no qual os membros
trazem novos benefícios para as pessoas através do comércio”.
Por isso, Okonjo-Iweala afirmou que “sem
cooperação” no comércio, avançar-se-á para uma economia mundial “cada vez mais
fragmentada”, tornando estas prioridades “mais difíceis e mais dispendiosas e,
em alguns casos, impossíveis de alcançar”.
A cimeira comercial surge num clima de
pessimismo, uma vez que muitos acreditam que a situação atual, com grandes
conflitos bélicos, tensões crescentes entre os Estados Unidos, a Rússia e a
China, ou incertezas económicas no Ocidente não criam o melhor ambiente para se
chegar a acordos.
O principal ponto da agenda é continuar a
negociar o desbloqueio do mecanismo de resolução de litígios da própria OMC,
paralisado desde 2019 devido à recusa dos Estados Unidos em nomear novos
juízes, e aos pedidos deste e de outros países para a realização de uma grande
reforma estrutural do sistema de contenciosos. ANG/Inforpress/Lusa
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