Senegal/PR anuncia amnistia geral a manifestantes detidos desde protestos de 2021
Bissau, 27 Fev
24(ANG) – O Presidente do Senegal, Macky Sall, anunciou hoje que vai propor ao
parlamento uma lei de amnistia geral que abrange os fortes protestos ocorridos
desde 2021 no país, para impulsionar a reconciliação nacional.
"Num
espírito de reconciliação nacional, vou apresentar esta quarta-feira à
Assembleia Nacional e em Conselho de Ministros um projeto de lei de amnistia
geral sobre os factos relacionados com as manifestações políticas ocorridas
entre 2021 e 2024", disse Sall.
O Presidente
senegalês discursava na abertura do diálogo nacional que começou hoje no Centro
Internacional de Conferências Abdou Diouf, na cidade de Diamniadio, a pouco
mais de trinta quilómetros de Dacar.
Com este
diálogo - boicotado pela maioria da oposição - o Presidente afirma querer pôr
termo à profunda crise desencadeada no país na sequência do adiamento das
eleições presidenciais inicialmente previstas para o passado domingo e fixar
uma nova data para o ato eleitoral.
"O nosso
país está perante uma encruzilhada importante (...) O meu desejo é que possamos
avançar para eleições pacíficas, inclusivas e transparentes", afirmou
perante dezenas de representantes de diferentes setores da sociedade.
"Só
tenho um objetivo: chegar a um consenso sobre a data das próximas eleições
presidenciais", acrescentou, reiterando que tenciona abandonar o poder
quando o seu mandato terminar, em 02 de abril, como confirmou na semana passada
numa entrevista televisiva.
O diálogo
nacional foi, no entanto, boicotado pela grande maioria dos candidatos
presidenciais cuja candidatura foi aprovada.
De facto,
apenas dois deles aceitaram reunir-se hoje com Sall, antes do início do evento:
Amadou Ba, atual primeiro-ministro e candidato da coligação no poder Benno Bokk
Yaakaar (Unidos pela Esperança, na língua Wolof), e Mahammed Dionne, antigo
primeiro-ministro também sob a presidência de Sall.
Na passada
sexta-feira, a plataforma da oposição FC25, que agrupa 16 dos 19 candidatos,
rejeitou o diálogo nacional, acusando o Presidente de violar a Constituição.
"O seu
principal objetivo é tentar excluir os candidatos selecionados pelo Conselho
Constitucional e, eventualmente, com o seu diálogo, avançar para um (novo)
mandato, o que rejeitamos sistematicamente", declarou o representante do
grupo, Cheikh Tidiane Youm, numa conferência de imprensa na capital senegalesa.
A rejeição da
oposição à oferta de Sall surge num momento de grande tensão política devido ao
adiamento das eleições decretado em 03 de fevereiro pelo Presidente e declarado
ilegal pelo Conselho Constitucional.
O Conselho
Constitucional considerou "contrária à Constituição" a votação
parlamentar que, sob os auspícios de Sall, adiou as eleições de 25 deste mês
para 15 de dezembro.
A alteração
da data das eleições desencadeou violentos protestos de rua, muitas vezes
dispersos com dureza pela polícia, nos quais foram mortas pelo menos quatro
pessoas.
A oposição
exigiu que Sall marcasse uma data antes do final do seu mandato.
O chefe de
Estado defendeu a moratória eleitoral devido "à polémica sobre um
candidato cuja dupla nacionalidade (francesa e senegalesa) foi revelada após a
publicação da lista definitiva", algo que a Constituição senegalesa não
permite aos candidatos presidenciais.
Para o
Presidente, esta descoberta revelou um "alegado caso de corrupção de
juízes" que punha em causa o processo de seleção dos candidatos.
No entanto, a
grande maioria da oposição rejeitou o adiamento das eleições como um
"golpe de Estado constitucional". ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário