Haia/Líbano acusa Telavive de cometer "crime de agressão" e pede justiça no TIJ
Bissau, 23 Fev 24 (ANG) – O Líbano
denunciou hoje no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que Israel está a
"cometer um crime de agressão" desde 1969, ao anexar
"ilegalmente" o território palestiniano ocupado, e pediu ao tribunal
que "faça justiça" ao povo palestiniano.
O embaixador libanês na instituição, Abdel Sattar Issa, sublinhou que Israel está a cometer “uma série de violações graves do direito internacional" e apelou ao TIJ, "enquanto autoridade judicial máxima no atual mundo global", que contribua com um parecer consultivo para "fazer justiça ao povo palestiniano” e se possa ter paz no Médio Oriente.
"Desde 1969, Israel tem vindo a
cometer um crime de agressão, ocupando ilegalmente territórios antes de os
anexar. Por outras palavras, a ocupação de territórios resultante do uso ilegal
da força é, em si mesma, ilegal", denunciou o Líbano durante as audiências
realizadas em Haia para analisar as consequências jurídicas das práticas e
políticas israelitas na Palestina, a fim de emitir um parecer jurídico
solicitado pela Assembleia Geral da ONU.
O Líbano considerou "irrefutável"
o direito dos palestinianos à autodeterminação e afirmou que o Governo libanês
"vem procurar a objetividade" no TIJ.
"A prevaricação de Israel ao longo das
décadas, apesar de todos os acordos concluídos e dos apelos da comunidade
internacional para que reconheça a independência do Estado palestiniano, é uma
violação contínua do primeiro elemento do direito à autodeterminação",
afirmou Sattar Issa, analisando a ilegalidade do comportamento de Israel.
A política de Israel de "confiscar
terras agrícolas, explorar a água e os recursos minerais" dos territórios
palestinianos ocupados é uma "violação contínua do segundo elemento, a
soberania permanente sobre os seus recursos naturais", acrescentou.
A "violação sistemática e
contínua" do terceiro elemento constitutivo do direito à autodeterminação,
a integridade territorial, está "documentada em vários relatórios",
disse, citando como exemplos a política israelita de "colonização e
construção de infraestruturas" e os colonatos.
A última vez que o TIJ emitiu um parecer
consultivo sobre o conflito israelo-palestiniano foi em 2004, quando também a
Assembleia Geral das Nações Unidas lhe pediu que se pronunciasse sobre a
legalidade da barreira de separação.
Na altura, o TIJ considerou que a
construção do muro e o regime que lhe está associado eram contrários ao direito
internacional.
“Além disso, impedem a liberdade de
circulação dos habitantes do território [...], bem como o exercício do seu
direito ao trabalho, à saúde, à educação e a um nível de vida adequado",
acrescentou.
"Aqui estamos nós, 20 anos depois, sem
qualquer solução negociada. De facto, sem qualquer negociação. Mas temos
milhares de mortos e uma destruição maciça de infraestruturas civis. Pedir ao
Tribunal que não intervenha, que não emita um parecer consultivo, porque o
processo de negociação bilateral precisa de ser protegido, que algum tipo de
solução política precisa de ser preservada, é um argumento perverso que coloca
a política e o direito um contra o outro", alertou Sattar Issa.
O diplomata respondeu aos Estados Unidos,
que quarta-feira pediram ao tribunal que não emitisse "um parecer que
exigisse a Israel uma retirada unilateral, imediata e incondicional" e
apelaram a um parecer que "promovesse, em vez de perturbar, o equilíbrio,
ou que potencialmente tornasse a possibilidade de negociações ainda mais
difícil".
ANG/Inforpress/Lusa
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