Rússia/Defensor de direitos
humanos Oleg Orlov julgado em Moscovo
Bissau, 16 Fev 24 (ANG) - O novo julgamento de Oleg Orlov, defensor de causas ligadas aos direitos humanos na Rússia, começou hoje em Moscovo, tendo o dissidente expressado receios sobre o processo.
"Não espero nada de
bom", disse ao jornalista da Agência France-Presse (AFP) presente na sala
de audiências.
Membro veterano da
organização não-governamental Memorial, que ganhou o Prémio Nobel da Paz em
2022 e dissolvida por ordem judicial, Oleg Orlov, 70 anos, pode ser condenado a
até cinco anos de prisão pelas repetidas denúncias do ataque à Ucrânia.
Após um primeiro
julgamento em 2023, Oleg Orlov foi considerado culpado por
"desacreditar" o Exército russo e condenado a uma multa.
Na altura, os juízes
pediram o pagamento de "uma pequena multa", justificando a sentença
referindo-se à idade e ao estado de saúde do opositor.
Apesar da primeira
decisão, o Ministério Público russo recorreu lamentando o facto de a pena ser
"excessivamente leve" e não corresponder ao "perigo
público" representado pelo acusado.
Os tribunais russos
decidiram então devolver o processo contra Orlov aos investigadores e iniciar
um novo julgamento contra o dissidente com base nas mesmas acusações.
A maioria dos críticos
de Vladimir Putin foi detida ou forçada ao exílio nos últimos anos, num cenário
de repressão acelerada.
Oleg Orlov disse à AFP esta semana que pretende ficar na Rússia para
"continuar a luta".
"Ninguém duvida que
serei condenado", disse na mesma entrevista realizada no apartamento onde
reside no norte de Moscovo.
O opositor russo é acusado de se ter manifestado contra a agressão de Moscovo
na Ucrânia e de ter assinado um artigo em que critica as autoridades.
O texto foi publicado no
portal de notícias francês Mediapart.
No artigo, Orlov acusava
as tropas russas do assassínio "em massa" de civis ucranianos e
denunciava a "vitória" na Rússia das "forças mais
obscuras", as mesmas que "sonhavam com a vingança total" após o
desmembramento da União Soviética, em 1991.
Em Fevereiro, as
autoridades russas incluíram o nome do dissidente na lista de "agentes de
estrangeiros", uma qualificação que implica restrições administrativas
rigorosas.
Nos últimos anos,
centenas de outras pessoas, incluindo ativistas dos direitos humanos,
opositores e jornalistas independentes, foram colocados na mesma lista.
Ativo desde a década de
1970, Oleg Orlov tornou-se uma voz destacada da Memorial, a principal
organização que luta na Rússia para preservar a memória da repressão soviética
e que documenta a o regime do Presidente Putin.
A organização
não-governamental foi dissolvida no final de 2021 pelos tribunais russos tendo
sido galardoada com o Prémio Nobel da Paz de 2022, alguns meses após o início
do ataque russo à Ucrânia. ANG/RFI
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