EUA/Direitos e liberdades em perda para um quinto da
população mundial
Bissau,29 Fev 24(ANG) – Um quinto da
população mundial (52 países) viu os seus direitos políticos e liberdades civis
deteriorarem-se no ano passado, enquanto apenas 21 países assinalaram
melhorias, segundo o relatório anual divulgado hoje pelo grupo de reflexão
Freedom House.
A 51.ª edição do relatório “Freedom in the
World” (“Liberdade no Mundo”), hoje lançado pelo ‘think tank’ sedeado em
Washington, assinala o declínio da liberdade a nível global pelo 18.º ano
consecutivo.
Na base do declínio estão fatores como a
“manipulação eleitoral, a guerra, ataques ao pluralismo”, segundo a Freedom
House, que dá conta que quase 38% da população mundial vive em países
classificados como “não livres”, enquanto 42% está em países “parcialmente
livres” e apenas 20% em países “livres”.
Na avaliação anual, o território do
Nagorno-Karabakh sofreu a descida mais acentuada, ao perder 40 pontos em 100,
depois de quase toda a sua população de 120 mil arménios ter sido forçada a
sair por pressão dos militares do Azerbaijão.
Seguiram-se o Níger - que viveu um golpe
militar que depôs o governo democraticamente eleito - Tunísia, Peru e Sudão,
sendo ainda citado o Equador, que passou da classificação de “livre” para
“parcialmente livre” depois de organizações criminosas matarem vários
candidatos políticos em época de eleições.
A melhoria mais significativa aconteceu nas
Fiji, seguindo-se a Tailândia, Libéria e Nepal. Apenas a Tailândia melhorou o
estatuto geral, passando de “não livre” para “parcialmente livre”.
Como exemplos de interferência eleitoral,
incluindo violência e manipulação, são citados Camboja, Turquia, Zimbabué,
Guatemala e Polónia, embora nestes últimos dois países as tentativas de
influenciar não impediram mudanças de governo.
Nos conflitos armados e ameaças de agressão
autoritária, foi destacada a invasão russa da Ucrânia, que completou
recentemente dois anos e que degradou “ainda mais os direitos básicos nas áreas
ocupadas e provocou uma repressão mais intensa na própria Rússia”, assim como a
guerra civil em Myanmar.
“A repressão nos territórios disputados foi
em grande parte perpetrada por regimes autocráticos, mas os governos
democraticamente eleitos de Israel e da Índia foram cúmplices na violação dos
direitos básicos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza e em Caxemira,
respetivamente”, segundo a Freedom House.
O grupo indicou ainda como “Pequim
continuou a reprimir as poucas liberdades disponíveis aos residentes de Hong
Kong e do Tibete, enquanto o regime russo avançou nos seus esforços para
reprimir as populações vulneráveis na Crimeia e alistar os habitantes na sua
guerra de agressão”.
O relatório sublinha ainda que este ano
pelo menos 40 países (dois quintos da população mundial) vão às urnas.
As eleições do verão na África do Sul
ocorrem entre o aumento de criminalidade violenta, xenofobia, elevado
desemprego jovem e insuficiente responsabilização pela corrupção, enquanto na
Índia o contexto inclui mais ataques legais a jornalistas e meios de
comunicação críticos, desinformação e utilização de sofisticado ‘spyware’
contra repórteres, ativistas e partidos da oposição.
Assédio e intimidação de políticos,
administradores eleitorais e juízes são um “sério desafio” nas eleições
presidenciais de novembro nos Estados Unidos, onde paira também a sombra de
violência depois do ataque de 2021 ao Capitólio, segundo o relatório, que
também sublinha a importância das eleições europeias de junho.
“Todas estas votações decorrerão num
contexto global que se tornou cada vez mais hostil” quanto ao respeito pela
diversidade, segundo o relatório, que nas recomendações acrescentou a
necessidade de resposta às tentativas de derrubar governos legitimamente
eleitos e proteger ativistas dos direitos humanos.
“Só defendendo princípios inclusivos a
nível interno, apoiando aqueles que estão na linha da frente da luta no
estrangeiro e construindo parcerias internacionais robustas baseadas em valores
partilhados é que as democracias poderão reverter o declínio global da
liberdade”, concluiu-se. ANG/Inforpress/Lusa
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