Futuro dos jovens discutido em Nova Iorque
Bissau,
01 Fev 17 (ANG) - Juventude Africana em Ascensão!” é o tema de um “encontro
especial” sobre o continente a realizar na edição deste ano do Fórum da
Juventude, que decorre esta semana na sede da ONU, em Nova Iorque.
Vão
ser debatidas no encontro as formas de
aproveitar o potencial dos jovens africanos para a prosperidade para todos, o
alcance da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2063 da União
Africana.
No encontro vão também ser discutidos
os grandes desafios da juventude africana, como pobreza, desemprego,
desigualdade, paz e segurança, e formas eficazes de os jovens contribuírem para
a promoção da inclusão.
Também vão ser apresentadas recomendações para a criação de oportunidades,
especialmente para os mais vulneráveis de África.
Segundo a ONU, existem 1,2 mil milhões de pessoas no mundo com idades entre 15
e 24 anos, e África abriga 20 por cento destes.
Até 2030, segundo a mesma fonte, o número de jovens no mundo vai subir para 1,3
mil milhões.
Do ponto de vista demográfico, África tem até quarenta por cento de população
com idade entre os 15 e os 24 anos e mais de dois terços com menos de trinta
anos.
Organizado pela União Africana, pela União dos Jovens Pan-africanos, pelo
Escritório do Conselheiro Especial da ONU para África e pelo Programa da
organização para o Desenvolvimento, o “encontro especial” sobre a juventude
africana acontece depois de o relatório deste ano da “African Economic Outlook
2016” alertar que os jovens do continente correm “um sério risco de sofrer as
consequências de um desenvolvimento humano lento” e que na África Subsariana,
“nove em cada dez trabalhadores jovens são pobres ou estão no limiar da
pobreza”.
Também o é numa altura em que académicos que defendem que a juventude em África
seja vista “além de noções estereotipadas de rebelião e vulnerabilidade”
afirmam que avanços na tecnologia e o consequente enfraquecimento do estado-nação
trazem novas e complexas formas de se compreender “o que significa ser jovem em
África hoje”.
Por essa razão, era bom que neste encontro fossem respondidas questões sobre
como podem os jovens ter uma palavra a dizer no exercício do poder e transformar
o seu mundo e sobre qual o papel, se é que existe, dos jovens africanos na
transformação das suas sociedades.
Também
o era identificar as motivações, objectivos e o real papel de movimentos
juvenis que pedem mudanças socioeconómicas e políticas nos seus países, se aos
jovens são dadas condições “de facto” para transformar a sociedade, e formas de
estes envolverem-se nos processos democráticos, numa altura em que é clara a
tendência de jovens descontentes se insurgirem contra o poder instituído.
No ano passado, países da África Subsaariana como África do Sul, Burundi,
República Democrática do Congo, Gabão, Guiné-Bissau e Zimbabwe, tiveram algum
tipo de tensão com os jovens.
Muitos
especialistas defendem que isto deve-se ao facto de os jovens africanos não
terem vivido o colonialismo, mas sofrerem com o desemprego e a desigualdade, o
que faz com que não pouca juventude no continente se sinta enganada pelos seus
líderes, maioritariamente pertencentes à geração que os libertou do colono.
De acordo com a agenda do encontro, iniciativa do Conselho Económico e Social
da Organização das Nações Unidas, no Fórum da Juventude deste ano os jovens vão
compartilhar ideias sobre inovação e soluções para os problemas globais, com
destaque para o seu papel na erradicação da pobreza e promoção dos Objectivos
de Desenvolvimento Sustentável.
Especial atenção vai ser dada ao conceito de “prosperidade compartilhada”, que
está no centro da Agenda 2030, ao problema do desemprego entre os jovens, à
importância da igualdade de género e acções de combate à mudança climática.
O Conselho Económico e Social da ONU tem denunciado que os jovens “estão entre
os mais esquecidos do mundo”, especialmente entre os pobres e os desempregados,
quando “são os que mais podem se beneficiar das inovações tecnológicas, porque
costumam ser os primeiros a abraçar novas ideias”.
A Agenda 2030 integra dezenas de objectivos de Desenvolvimento Sustentável,
entre os quais erradicar a fome e a pobreza, consolidar a educação e saúde de
qualidade e a igualdade de género, assegurar o acesso a água potável e
saneamento e a energias renováveis e acessíveis para todos.
Promover o trabalho digno e o crescimento económico, a indústria, inovação e
infra-estruturas e reduzir as desigualdades também são objectivos da Agenda
2030, ao lado da garantia de acesso à habitação segura, adequada e a preço
acessível, de produção e consumo sustentáveis, sem descurar das questões
climáticas e garantindo a protecção da vida marinha e terrestre. Promover a
paz, Justiça e Instituições eficazes e parcerias para a implementação destes
objectivos também são pretensões da Agenda 2030.
Para académicos, a Agenda 2063 da União Africana, anunciada em 2013, não é
nada mais que uma proposta de renascimento do pan-africanismo, ou “neopan-africanismo”
para os próximos 46 anos, assente nas aspirações, na união, na boa governação e
na segurança.
Do ponto de vista económico, a Agenda 2063 da União Africana defende a criação
de condições para que até 2063 os africanos sejam cidadãos saudáveis, que as
economias dos países do continente sejam/estejam transformadas, num ambiente
sustentável, e uma agricultura moderna para o aumento da produção e
produtividade. E uma economia azul para o crescimento económico acelerado e
resiliente às mudanças climáticas.
No plano político, projecta um continente integrado politicamente, unido,
portador de ideais do pan-africanismo e do renascimento africano alicerçado
numa África Unida (Federação ou Confederação), com instituições monetárias e
financeiras a nível continental criadas e funcionais e com infra-estruturas
modernas interconectadas por toda a África.
Ainda no plano político, enfatiza-se a pretensão de se ter uma África de “boa
governação”, democrática, respeitadora dos direitos do Homem, da justiça e de
Estado de Direito, com instituições capazes e liderança transformadora.
E uma África em que a preservação da paz, da segurança e da estabilidade seja
um facto, ou seja, uma África estável e em paz.
ANG/JA