Indígenas protestam em defesa de seus direitos e terras
Bissau,
27 Abr 18 (ANG) – Cerca de 2.000 indígenas do Brasil marcharam na quinta-feira
pela capital em protestarem contra o que classificaram como um ataque
governamental sem precedentes aos seus direitos e às suas terras.
Todos
os anos, em Abril, membros dos grupos indígenas do país vão a Brasília para dar
voz às suas preocupações junto das instituições do poder.
Mas
os líderes dizem que a sua situação se tornou mais precária desde que o actual
Presidente, Michel Temer, tomou o poder, em 2016, e começou a instituir aquilo
que classificaram como um recuo sistemático dos direitos e garantias aos
indígenas.
Durante
o “Acampamento Terra Livre” deste ano, que durou uma semana, os grupos
indígenas concentraram a sua ira numa lei adoptada em Julho passado segundo a
qual as autoridades só podem reconhecer como pertencentes aos povos indígenas
terras que tenham sido ocupadas em 1988, o ano em que a Constituição do Brasil
foi adoptada.
Os
grupos indígenas argumentam que esse requisito ignora a história da
expropriação no Brasil – que foi especialmente brutal durante a ditadura de
1964-1985.
Essa
lei tornará impossível o reconhecimento de muitas reivindicações pendentes de
terras indígenas, sustentam os activistas, e poderá mesmo ser usada para lhes
retirar terras já atribuídas, o que poderá dar aso ao abate de árvores, à
transformação em pastos e a outros interesses comerciais e poderá ter graves
implicações para a capacidade do Brasil para proteger o seu meio ambiente e
travar a desflorestação.
“Há
muitas ameaças: ordens, decretos, todos os tipos de documentos que eles
quiserem para reduzir as nossas terras, para não reconhecer as nossas terras”,
disse Megaron Txucarramae, membro da tribo Kayapo, que marchou hoje pela
capital.
Juntaram-se-lhe cerca de 2.000 outros índios – muitos usando chapéus com penas, as tradicionais saias de erva e pinturas faciais e corporais.
Juntaram-se-lhe cerca de 2.000 outros índios – muitos usando chapéus com penas, as tradicionais saias de erva e pinturas faciais e corporais.
Alguns
grupos dançaram pelas ruas, enquanto cantavam, batiam em tambores e agitavam
maracas.
Em
frente ao ministério da Justiça, um grupo de pessoas estava deitado sobre uma
bandeira brasileira junto a uma faixa em que se lia: “Fim ao Genocídio
Indígena”.
Outros
pintaram uma faixa de uma via central de vermelho, chamando-lhe “rasto de
sangue” e afirmando que representava a violência contra o povo indígena.
“Nunca,
nos últimos 30 anos, o Estado brasileiro optou por uma relação tão completamente
adversa aos direitos do povo indígena”, declarou a Coligação do Povo Indígena
do Brasil num comunicado, no início desta semana.
Lusa/Fim
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