Bissau,
26 Abr 18 (ANG) – Mais de 75 por cento dos cabo-verdianos “estão insatisfeitos”
com o funcionamento da democracia em Cabo Verde e a maioria considera que o
país está a ser dirigido “na direcção errada”, revelam dados da Afrosondagem
divulgados quarta-feira.
Os
dados são do estudo da Afrosondagem sobre a qualidade da democracia e da
governação em Cabo Verde, realizado em 2017, e foram apresentados em
conferência de imprensa hoje na Cidade da Praia.
Segundo
o diretor-geral da Afrosondagem, José Semedo, os dados mostram que 76 por cento
dos inqueridos estão “nada ou pouco satisfeito” com o funcionamento da
democracia, o que, na sua perspectiva, aponta que os cabo-verdianos estão cada
vez mais críticos relativamente ao funcionamento das instituições.
“Aqui
falamos do Governo, do Parlamento, da Presidência da Republica e da Justiça de
uma forma geral”, disse, indicando, entretanto, que apesar da crítica mais de
70 por cento preferem a democracia a qualquer outra forma do Governo.
Entretanto,
quando questionado sobre atitudes dos políticos, 82 por cento dos inquiridos
consideraram que os políticos “nunca ou poucas vezes” fazem o melhor para ouvir
aquilo que o povo tem para lhes dizer.
No que
refere à liberdade, os entrevistados afirmaram que a maioria dos cabo-verdianos
são livres para dizerem o que pensam sobre a política e seis em dez
consideraram que a imprensa é livre para investigar e documentar os erros do
Governo ou criticar as suas actividades e dois terços afirmaram que os cidadãos
têm liberdade para filiar a qualquer organização partidária.
No que
se refere à governação do país, os dados mostram que percepção negativa
aumentou em 12 por cento face ao ano de 2014, quando foi realizado o último
estudo tendo a percentagem passado de 46 por cento para 58 por cento em 2017.
Outra
questão analisada no estudo tem a ver com as condições de vida das pessoas e as
condições económicas do país.
Neste
particular os resultados apontam também que quase a metade da população
cabo-verdiana entende que as condições actuais do país são “más ou muito más”
contra apenas 13 por cento que sente que as condições são “boas ou muito boas”.
O
representante da Afrosondagem destaca o facto dessa percentagem manter-se
“praticamente inalterado” face ao ano de 2014 tanto para aqueles que consideram
que o país está bem (47 por cento em 2014 e 47 por cento em 2017) como também
para aqueles que consideram que as condições são más ou muito más (14 por cento
em 2014 e 13 por cento em 2017).
Apesar
da avaliação negativa das condições do país, o estudo mostra que 1/5 dos
cabo-verdianos qualificam as suas condições como sendo boas, tendo no ano 2017
registado um aumento de cinco pontos percentuais face a 2014, que passou de 16%
para 21 por cento%.
“Isto
mostra que os cabo-verdianos tendem a considerar as suas condições de vida melhores
do que as condições económicas do país de uma forma geral. Do lado contrário,
isto é, aqueles que avaliam negativamente as suas condições de vida houve uma
diminuição da percentagem passando de 37 por cento para 31 por cento”,
precisou.
No que
se refere à comparação das condições de vida dos inquiridos com os demais
cabo-verdianos, os resultados apontam que a maioria (49 por cento) considera
que tem as condições de vida iguais aos demais cabo-verdianos.
Em
relação ao futuro, os cabo-verdianos demonstraram-se “esperançosos”, com 72 por
cento dos inquiridos a esperarem que as suas condições de vida melhorem nos
próximos 12 meses.
O
estudo analisou outros temas relacionados com a insegurança e a agenda política
nacional, nomeadamente a regionalização e a possibilidade de isenção de vistos
aos portadores do passaporte da União Europeia.
Constatou-se
ainda que a regionalização permanece um tema desconhecido por grande parte dos
cabo-verdianos e que a percepção de insegurança vem diminuindo ao longo dos
anos, mas mesmo assim continua num grau elevado.
O
inquérito foi realizado entre 20 de Novembro e 05 de Dezembro de 2017 nas ilhas
de Santo Antão, Santiago, São Vicente e Fogo. Cerca de 1200 pessoas foram
entrevistadas com 18 anos e mais. O estudo teve um intervalo de confiança de 95
por cento e um a margem de erro de 3 por cento. ANG/Inforpress
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