Inspetores da ONU no centro da tensão entre Rússia, França e EUA
Bissau, 19 Abr 18 (ANG) – Os Inspectores da ONU chegaram
a Damasco no sábado, dia em que EUA, França e Reino Unido lançaram ataques
contra armazéns e fábricas de armas químicas do regime sírio.
O objetivo é investigar o ataque químico de 7 de abril
em Douma, atribuído às forças sírias. Mas quarta-feira voltaram a adiar a missão,
após terem sido alvejados enquanto faziam o reconhecimento do terreno.
Passados 11 dias sobre o ataque químico a Douma, o
novo atraso reforça os receios dos ocidentais, que temem a contaminação do
local pelos sírios ou seus aliados russos.
"Como em qualquer local do crime, é essencial
chegar o mais rapidamente possível. Aqui já houve uma espera que vai muito além
do que preveem os estatutos da Organização para a Proibição das Armas
Quimicas(OPAQ) [24 a 48 horas]", explicou à AFP Olivier Lepick, da Fundação
para a investigação estratégica. Mas outros especialistas mostram-se mais
otimistas.
Em declarações ao Le Monde, Ralf Trapp,
perito em armas químicas e biológicas, garante que "ir ao local dez dias
depois, é tarde, mas não é demasiado tarde". Para o antigo conselheiro
científico da OPAQ, "pode haver vestígios, no sangue ou urina, várias
semanas após a exposição, sobretudo quando se trata de agentes neurotóxicos
como o sarin. É mais complicado para o cloro".
Quando chegarem ao local, os inspetores da ONU deverão
recolher provas em feridos e mortos, além de outros procedimentos. Até agora, a
entrada dos peritos tem sido adiada por motivos de segurança. Ontem, um dos
grupos que fazia o reconhecimento cruzou-se com uma multidão que protestava
contra os ataques ocidentais, tendo recuado, o outro foi recebido por tiros e
por uma explosão.
O ataque em Douma, na altura ainda sob controlo dos
rebeldes, terá feito mais de 40 mortos. O governo sírio, que entretanto
recuperou a cidade na região de Ghouta, um subúrbio de Damasco que antes da
guerra funcionava como uma espécie de celeiro da capital, garante não ter usado
armas químicas. E acusa o ocidente de ter encenado o ataque para justificar a
intervenção militar. Com base em informações dos serviços secretos, EUA, França
e Reino Unido acreditam que foi usado cloro e um agente nervoso.
Num encontro em Haia, o embaixador dos EUA na OPAQ,
Kenneth Ward, disse recear que os militares russos tenham
"interferido" no local do ataque, que se acredita terem visitado após
ajudarem as tropas do presidente sírio Bashar al-Assad a recuperarem Douma.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, também disse em
comunicado ser "muito provável que provas e elementos essenciais tenham
desaparecido".
Na terça-feira, o chefe da diplomacia russa, Sergei
Lavrov, negara qualquer interferência, sublinhando que as alegações em relação
a um ataque químico se baseiam em "relatos noticiosos e das redes
sociais". E reafirmou que tudo foi "encenado".
ANG/DN
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