terça-feira, 7 de maio de 2019

Política




Bissau, 07 mai 19 (Lusa) - Os quatros partidos guineenses que formam a maioria no parlamento  depois das legislativas de 10 de Março, acusaram o Presidente da República, José Mário Vaz, e aliados de tentarem criar um "ambiente de tensão" no país.

"Os partidos reunidos nesta maioria parlamentar para a estabilidade governativa decidem responsabilizar o Presidente da República e os partidos a ele associados por todo o ambiente de tensão e perturbação social que pretendem instaurar no país", referem, em comunicado, com data de sábado, e a que a Lusa teve segunda-feira acesso.

No comunicado, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), União para a Mudança (UM) e Partido da Nova Democracia (PND) referem também a sua "absoluta indisponibilidade em negociar as leis da República" e a sua "determinação intransigente em respeitar e fazer cumprir a Constituição".

Os quatro partidos, que assinaram um acordo de incidência parlamentar e governativa e juntos representam 54 dos 102 deputados do hemiciclo guineense, alertam também a comunidade internacional para a "gravidade da situação política prevalecente no país eventualmente agravada pelos posicionamentos menos assertivos e pouco transparentes de alguns dos seus membros".

A Guiné-Bissau realizou eleições legislativas em 10 de Março e quase dois meses depois ainda não foi indigitado um primeiro-ministro, nem um novo Governo.

O novo impasse político na Guiné-Bissau surgiu em 18 de abril, logo após a cerimónia de tomada de posse dos novos deputados, com a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular.

Depois de os deputados terem reconduzido no cargo Cipriano Cassamá, do PAIGC, e eleito Nuno Nabian, líder APU-PDGB para primeiro vice-presidente, o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), segundo partido mais votado nas legislativas, não conseguiu fazer eleger para o cargo de segundo vice-presidente do parlamento o seu coordenador nacional, Braima Camará.

O Madem-G15 recusa avançar com outro nome para o cargo.

O Partido de Renovação Social (PRS), terceira força mais votada nas legislativas de 10 de março, também reclama a indicação do nome do primeiro secretário da mesa do parlamento.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, que tem mediado a crise política na Guiné-Bissau, deslocou-se na semana passada a Bissau e pediu aos atores políticos guineenses diálogo construtivo, para colocarem os interesses do país em primeiro lugar e pediu urgência na nomeação do primeiro-ministro e do Governo.

A Guiné-Bissau deverá realizar eleições presidenciais ainda este ano, já que o mandato do Presidente José Mário Vazdo  termina a 23 de  Junho próximo.
ANG/Lusa


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