Clima/África reclama cumprimento de promessas de
financiamento das alterações climáticas
Bissau, 09 Abr 21 (ANG)
– Vários líderes africanos reclamaram terça-feira o cumprimento da promessa dos
países desenvolvidos de destinarem anualmente 100 mil milhões de dólares para
financiar a adaptação e a mitigação dos efeitos das alterações climáticas no
continente.
“Está na altura de os
países desenvolvimento cumprirem as suas promessas de destinar, anualmente, 100
mil milhões de dólares [84,38 mil milhões de euros] ao financiamento
climático”, defendeu o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD),
Akinwumi Adesina.
O responsável falava durante uma iniciativa que reuniu responsáveis
de instituições financeiras, como o BAD ou o FMI, chefes de Estado de vários
países africanos e o secretário-geral das Nações Unidas, entre outras
personalidades.
A iniciativa, organizada
pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e pelo Centro Global de Adaptação
(GCA), visou debater as experiências de luta contra a covid-19 e as alterações
climáticas, bem como discutir a importância de aumentar e acelerar a adaptação
às alterações climáticas em África.
Adesina lembrou os
compromissos assumidos pelos países desenvolvidos na cimeira de Paris sobre o
clima, citando dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), que estima que os
custos da adaptação climática em África atingirão os 50 mil milhões de dólares
(42,19 mil milhões de euros) anuais em 2040.
“África não tem os
recursos de que precisa para se adaptar às mudanças climáticas. Globalmente,
apenas 10% do financiamento climático é destinado à adaptação e África recebeu
apenas 3% desse financiamento”, disse.
Por isso, defendeu,
“África precisa de solidariedade global” no combate às alterações climáticas.
No mesmo sentido, o
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu um “forte
compromisso financeiro” para a adaptação dos países em desenvolvimento às
alterações climáticas, considerando que só assim a cimeira climática de 2026
poderá dar os resultados pretendidos.
“Precisamos de um
investimento massivo do mundo desenvolvido para apoiar os países em
desenvolvimento na adaptação [às alterações climáticas] e precisamos que o
financiamento revele uma verdadeira solidariedade no seio da nossa comunidade
internacional”, defendeu Guterres.
“Sem esse forte
compromisso financeiro para apoiar o mundo em desenvolvimento na adaptação e
também nos seus esforços de mitigação, não teremos os resultados de que
necessitamos na COP26 em Glasgow”, acrescentou.
O Presidente do Gabão,
Ali Bongo, apontou como objectivo a mobilização anual de 25 mil milhões de
dólares (21,09 mil milhões de euros) para a adaptação as alterações climáticas
em África, sublinhando a importância de existir um equilíbrio entre o
financiamento à mitigação dos efeitos das alterações climáticas e à adaptação.
“Insistimos que deve ser
dada igual atenção à adaptação e à mitigação no financiamento climático”,
disse.
“África apela aos países
desenvolvidos para assumirem as suas responsabilidades históricas e juntarem-se
ao programa para acelerar a adaptação de África às alterações climáticas”,
reforçou.
No mesmo sentido, o
chefe de Estado do Senegal, Macky Sall, assinalou que o continente africano é
hoje assolado por secas, desertificação, desflorestação, inundações que estão a
destruir a biodiversidade.
“África é muito mais
afectada pelas mudanças climáticas do que contribui para elas, em matéria de
emissões de gases, por exemplo”, disse, sublinhando a necessidade de acelerar o
financiamento das alterações climáticas.
“Sem financiamento não
conseguiremos grande coisa e não cumpriremos as nossas promessas”, acrescentou,
sublinhando que África quer aumentar o seu contributo.
O BAD e GCA estão a coordenar as suas competências, recursos e redes para desenvolver e implementar um novo Programa de Aceleração da Adaptação em África, numa abordagem tripla à covid-19, as alterações climáticas e os desafios económicos emergentes do continente. ANG/Inforpress/Lusa
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