Adis Abeba/MNE ucraniano insta África a abandonar
neutralidade sobre guerra russa no país
Bissau, 25 Mai 23 (ANG) – O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, instou hoje os países africanos a abandonarem a sua posição de neutralidade em relação à guerra que a Rússia trava na Ucrânia.
Muitos
Estados do continente africano recusaram-se a tomar partido no conflito em curso
na Europa há exatamente 15 meses, tendo-se vários deles abstido em votações na
Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que condenavam a
invasão russa da vizinha Ucrânia, a 24 de fevereiro do ano passado. A Etiópia
foi um deles.
Falando
hoje na capital etíope, Adis Abeba, Kuleba afirmou que a Ucrânia está “muito
perturbada por alguns países africanos terem optado por abster-se” e exortou-os
a dar ao seu país apoio diplomático “perante a agressão russa”.
“A
neutralidade não é a resposta”, disse o chefe da diplomacia ucraniano à
imprensa, acrescentando: “Ao serdes neutros em relação à agressão russa contra
a Ucrânia, estais a projetar essa neutralidade sobre violações de fronteiras e
crimes em massa que possam acontecer muito perto de vós”.
A
Rússia mantém uma presença substancial em diversas zonas de África, onde o
grupo de mercenários russo Wagner está ativo e efetuou recentemente manobras
militares conjuntas com a África do Sul. Moscovo planeia realizar uma cimeira
África-Rússia em julho.
Kuleba
apelou também aos países africanos para apoiarem o “Plano de Paz de Dez Pontos”
proposto em dezembro pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e sublinhou
o desejo da Ucrânia de construir relações “mutuamente vantajosas” com África,
assentes no comércio de energia, tecnologia e fármacos.
“Temos
de nos recordar uns aos outros da importância de África para a Ucrânia e da
Ucrânia para África”, sustentou, admitindo que a anterior atitude do seu país
em relação àquele continente se caracterizava pela “inércia”.
Tanto
a Ucrânia como a Rússia fornecem uma quantidade significativa de cereais a
África.
Dmytro
Kuleba está a fazer um périplo africano que também incluirá visitas a Marrocos
e ao Ruanda.
Na
Etiópia, reuniu-se com o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, o presidente da
Comissão da União Africana, Mussa Faki Mahamat, e o Presidente da República das
Comores, Azali Assumani, que atualmente preside àquela organização continental.
O MNE
ucraniano realizou a sua primeira viagem a África em outubro do ano passado,
quando visitou o Senegal, a Costa do Marfim, o Gana e o Quénia. Essa digressão
foi encurtada devido a ataques russos a infraestruturas do seu país.
O seu
homólogo russo, Serguei Lavrov, também tem trabalhado ativamente para
fortalecer as relações com países africanos desde a eclosão da guerra na
Ucrânia, tendo viajado pelo continente uma vez em 2022 e realizado pelo menos
duas visitas este ano, até agora.
A
ofensiva militar lançada em fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até
agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados
internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais
recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na
Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo
menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões
necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A
invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a
necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da
Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem
respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de
sanções políticas e económicas.
A ONU
apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu
455.º dia, 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números
estão muito aquém dos reais.ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário