Uganda/Presidente Museveni promulga
lei contra a homossexualidade
Bissau, 29 Mai 23 (ANG) - O
presidente ugandês, Yoweri Museveni, promulgou nesta segunda-feira (29) a
controversa “Lei contra a Homossexualidade de 2023”, que prevê longas penas de
prisão e a pena de morte .
Mesmo com as fortes críticas e a manifesta desaprovação
internacional, o presidente da República de Uganda decidiu promulgar nesta
segunda-feira (29) a controversa “Lei contra a Homossexualidade de 2023”.
Num comunicado publicado nas redes sociais a presidente do
parlamento ugandês, Anita Among, confirma que Museveni concordou com a lei
aprovada pela primeira vez pelos parlamentares em Março.
O projecto de lei, descrito pelo alto comissário da ONU para os
direitos humanos, Volker Türk, como “chocante e discriminatório”, foi aprovado
por todos, excepto dois dos 389 deputados em 21 de Março. Museveni tinha 30
dias para sancionar a lei e devolvê-la ao parlamento para revisões ou vetá-la.
Em Abril, com a pressão provocada pelos protestos internacionais,
o líder devolveu o projecto de lei aos parlamentares, com um pedido de
reconsideração, intimando-os em particular a especificar que o "fato de
ser homossexual" não era crime, mas sim o acto sexual.
Crítico do movimento LGBT+, Museveni opôs-se ainda à proposta de
punir o acto de “homossexualidade agravada” com pena capital, utilizando o
último cartuxo contra o parlamento. Isto acontece, pois, o projecto ainda teria
se tornado lei sem o consentimento do presidente se ele o devolvesse uma
segunda vez.
A tipificação da homossexualidade como "crime" não é
nova no país, ela é uma herança do período colonial britânico. Nesta nova
versão do texto, os parlamentares decidiram manter, contra a vontade do
presidente, a punição de "homossexualidade agravada" com pena
capital, punição esta que não é aplicada no país há anos. Também foi aprovada a
prisão perpétua para certos actos do mesmo sexo, até 20 anos de prisão por
“recrutamento, promoção e financiamento” de “actividades” do mesmo sexo, e
qualquer pessoa condenada por “tentativa de homossexualidade agravada” enfrenta
uma sentença de 14 anos.
Volker Türk, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos declarou-se hoje "horrorizado" com a aprovação de
uma nova lei contra a homossexualidade. "É uma
receita para futuras violações sistemáticas das pessoas LGBTQ e da população em
geral, criando um conflito com a Constituição e os tratados internacionais, e
deve ser efectuada uma revisão judicial urgente", acrescentou.
Ainda no comunicado de Anita Among, porta-voz do Parlamento
ugandês, ela agradece o presidente por “sua acção firme conforme os interesses
de Uganda. “Mantivemo-nos fortes para defender nossa
cultura e [as] aspirações do nosso povo”, disse ela. O final do seu comunicado exalta ainda o trabalho dos
parlamentares por terem “resistido aos teóricos da
conspiração do dia do juízo final” e exortou os tribunais a aplicar a nova lei de maneira imediata.
ANG/RFI
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