quinta-feira, 18 de maio de 2023

         Tchad/Confrontos entre pastores e agricultores fazem 11 mortos

Bissau, 18 Mai 23 (ANG) - Pelo menos 11 aldeões foram mortos quarta-feira por ladrões de gado no sul do Tchad, palco de frequentes ataques mortíferos e conflitos sangrentos entre pastores e agricultores, anunciou hoje o exército, afirmando ter matado sete atacantes.

Esta nova tragédia ocorreu no mesmo dia em que N'Djamena anunciou que o seu exército tinha levado a cabo uma operação sem precedentes na República Centro-Africana, em conjunto com soldados deste país vizinho, para perseguir, matar e capturar ladrões de gado chadianos que tinham massacrado 17 aldeões dez dias antes.

Na quarta-feira, "bandidos armados (...) vieram atacar a aldeia de Mankade na sub-prefeitura de Laramanaye para roubar gado e mataram 11 aldeões", disse o ministro da Defesa Daoud Yaya Ibrahim à AFP por telefone. "As forças da ordem perseguiram-nos, mataram sete bandidos e oito foram feitos prisioneiros", acrescentou o general.

O ataque ocorreu no extremo sul do Chade, a cerca de 60 km da fronteira com a República Centro-Africana.

O sub-prefeito de Laramanaye, Djimet Blama Souck, assegurou à AFP que os bandidos tinham matado 12 aldeões, incluindo mulheres e crianças.

Em 08 de Maio, um ataque semelhante nesta província de Logone Oriental provocou a morte de 17 pessoas numa aldeia e o exército garantiu que os "bandidos" eram chadianos da República Centro-Africana.

Na quarta-feira, o ministro Yaya Ibrahim disse à AFP que o exército tinha perseguido os atacantes em território centro-africano no final da semana passada e matado "uma dúzia de bandidos" numa operação militar sem precedentes com soldados desse país.

Na quinta-feira, o general garantiu que a operação tinha terminado na véspera, com um balanço de "dezenas de ladrões mortos", e que todos os soldados chadianos tinham regressado ao Chade, com 30 prisioneiros e 130 bois roubados.

É impossível verificar de forma independente o registo das operações do exército nestas zonas.

Esta foi a primeira vez que estes dois países vizinhos da África Central se defrontam e se acusam mutuamente de albergar e apoiar movimentos rebeldes nas suas fronteiras.

Na quarta-feira, o ministro Yaya Ibrahim tinha desmentido à AFP as afirmações de vários meios de comunicação social centro-africanos segundo as quais a operação visava os grupos rebeldes chadianos na República Centro-Africana.

"Há quinze dias, duas delegações de funcionários chadianos e centro-africanos reuniram-se na fronteira "para preparar uma acção militar conjunta", disse à AFP Fidèle Gouandjika, ministro especial e conselheiro do Presidente Faustin Archange Touadéra, em Bangui, na quinta-feira.

Touadéra e o seu homólogo chadiano, Mahamat Idriss Déby Itno, "tomaram esta decisão em conjunto para erradicar os bandidos dos dois lados da fronteira", acrescentou.

Além destas pilhagens sangrentas, os confrontos inter-comunitários muito mortíferos entre pastores nómadas muçulmanos e agricultores sedentários, na sua maioria cristãos ou animistas, são muito frequentes nesta zona fértil situada nas fronteiras do Tchad, dos Camarões e da República Centro-Africana. ANG/Angop

 

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