Reino Unido/Coreia do Norte e Eritreia são os países mais atingidos pela escravidão moderna
Bissau, 24 Mai 23 (ANG) - A Coreia do Norte, a Eritreia e a
Mauritânia são os países mais afetados pela escravatura moderna, segundo o
Índice Global de Escravidão publicado hoje, que assinalou também o agravamento
desta situação no mundo.
No relatório, estima-se
que 50 milhões de pessoas estavam "em situação de escravidão moderna"
em 2021, 10 milhões a mais do que em 2016. Este número inclui 28 milhões de
pessoas em situação de trabalho forçado e 22 milhões de pessoas casadas à
força.
Entre os fatores que
explicam este agravamento, destacam-se os “conflitos armados crescentes e mais
complexos” e o impacto da pandemia da covid-19.
O relatório, realizado
pela associação Walk Free, define a escravidão moderna como "trabalho
forçado, casamento forçado, servidão por dívida, exploração sexual" ou
ainda "venda e exploração de crianças".
A Coreia do Norte tem a
taxa mais alta, com 104,6 pessoas em situação de escravidão moderna por 1.000
habitantes.
Em seguida vêm a
Eritreia (90,3) e a Mauritânia (32), que foi o último país, em 1981, a tornar
ilegal a escravidão hereditária.
Muitos dos países mais
afetados estão em regiões consideradas voláteis, passando por conflitos ou
instabilidade política, com grandes populações vulneráveis, como refugiados ou
trabalhadores migrantes.
Também entre os 10
países mais afetados estão a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, onde a
"kafala", um sistema de tutela dos empregados, limita os direitos dos
trabalhadores migrantes. Nestas posições de destaque estão também a Turquia,
"que acolhe milhões de refugiados sírios", o Tajiquistão, a Rússia e
o Afeganistão.
Embora o trabalho
forçado seja mais comum em países pobres, tem vínculos profundos com as
necessidades dos países mais ricos, aponta o relatório, constatando que dois
terços dos casos de trabalho forçado estão ligados a cadeias internacionais de
fornecimento de produtos.
O relatório destaca que
os países do G20 atualmente importam 468 mil milhões de dólares (434 mil
milhões de euros) de bens que podem ter sido produzidos com trabalho forçado,
um valor acima dos 354 mil milhões (328 mil milhões) assinalados pelo relatório
anterior.
Os produtos eletrónicos
continuam a ser os de maior risco, seguidos por roupas, óleo de palma e painéis
solares.
"A escravidão
moderna permeia todos os aspetos da nossa sociedade. Está presente nas nossas
roupas, nos nossos aparelhos eletrónicos e tempera a nossa comida", disse
a diretora da associação Walk Free, Grace Forrest.
“Fundamentalmente, a
escravidão moderna é uma manifestação de extrema desigualdade. “É um espelho
erguido ao poder, que reflete quem, numa dada sociedade, tem e quem não tem
este poder”, sublinhou Grace Forrest.
ANG/Lusa
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