Rússia/Chefe do grupo Wagner admite fracasso da campanha militar russa na Ucrânia
Bissau, 24 Mai 23 (ANG) – O chefe do grupo
paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigojin, admitiu hoje o fracasso da campanha
militar da Rússia na Ucrânia, afirmando que nenhum dos objetivos foi atingido.
“A
operação militar especial foi lançada com o objetivo de 'desnazificação', mas
transformámos a Ucrânia numa nação conhecida em todo o mundo”, Prigojin na rede
social Telegram, citado pela agência espanhola EFE.
O
empresário, que tem estado ao comando dos mercenários do grupo Wagner na linha
da frente, disse que a invasão russa fez dos ucranianos “os gregos e os romanos
da época do florescimento”.
Prigojin
é um aliado do Presidente Vladimir Putin, que ordenou a invasão da Ucrânia, em
24 de fevereiro de 2022, para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho,
entre outros objetivos.
Desde
o início da guerra, Prigojin tem sido um duro crítico do estado-maior russo e
do ministro da Defesa, Serguei Shoigu.
O
chefe do grupo Wagner considerou que a Rússia também falhou o objetivo da
desmilitarização da Ucrânia.
“Se
antes do início da operação especial, eles [os ucranianos] tinham, digamos, 500
tanques, agora têm 5.000. Se na altura eram capazes de combater 20.000
soldados, agora têm 400.000”, afirmou.
“Acontece
que estamos a militarizar a Ucrânia, e de que forma!”, criticou, numa alusão ao
fornecimento de armamento por parte dos aliados ocidentais de Kiev como
resultado da invasão.
Prigojin
disse também que o grupo Wagner “é o melhor exército do mundo”.
“Para
ser correto, devo dizer que o segundo melhor exército do mundo é o exército
russo. Mas penso que os ucranianos têm um dos exércitos mais fortes”, afirmou.
Prigojin
disse que os militares ucranianos conseguem usar com sucesso qualquer sistema
de armas, seja soviético ou da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do
Atlântico Norte).
Também
comparou a motivação dos soldados ucranianos à dos soviéticos durante a guerra
contra a Alemanha nazi.
“Fazem
tudo para atingir o objetivo supremo, tal como nós fizemos durante a Grande
Guerra Patriótica”, disse.
A
Grande Guerra Patriótica é a designação dada na Rússia ao período da Segunda
Guerra Mundial entre o início da invasão da então União Soviética, em 1941, e a
capitulação da Alemanha, em 1945.
Prigojin
criticou igualmente os filhos da elite russa pela vida de luxo que exibem nas
redes sociais, quando “as pessoas comuns veem os filhos serem-lhes devolvidos
em caixões de zinco, feitos em pedaços”.
“E
não devemos pensar que são centenas, agora são dezenas de milhares de
familiares dos mortos. E serão certamente centenas de milhares”, acrescentou.
Prigojin
advertiu que esta dualidade de critérios “pode acabar como em 1917, numa
revolução”, referindo-se ao conflito de que resultou o fim da monarquia e a
tomada do poder pelos bolcheviques liderados por Vladimir Lenine.
Além
do fornecimento de armas, os aliados ocidentais de Kiev têm decretado pacotes
de sanções contra a Rússia para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de
financiar o esforço de guerra.
Desconhece-se
o número de vítimas do conflito, que mergulhou a Europa naquela que é
considerada como a pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945). ANG/Lusa
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