ONU/Guterres alerta Pyongyang que míssil balístico violaria resoluções do Conselho de Segurança
Bissau, 31 Mai 23 (ANG) - O secretário-geral das Nações Unidas,
António Guterres, alertou na terça-feira a Coreia do Norte que qualquer
lançamento usando tecnologia de mísseis balísticos violaria as resoluções do
Conselho de Segurança da Organização, anunciou a Lusa.
“O secretário-geral exorta a República Popular Democrática da
Coreia a retomar os esforços diplomáticos em direcção à paz sustentável e à
desnuclearização completa e verificável na Península Coreana”, disse o
porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em comunicado.
“Qualquer lançamento usando tecnologia de mísseis balísticos
seria contrário às resoluções relevantes do Conselho de Segurança”, concluiu.
Em causa está o anúncio feito na segunda-feira por Pyongyang,
que indicou que vai lançar um satélite de reconhecimento militar em Junho, para
“enfrentar as perigosas acções militares dos Estados Unidos”.
O “satélite de reconhecimento militar n.º 1” será “lançado em
Junho” para “lidar com as perigosas acções militares dos Estados Unidos e dos
seus vassalos”, referiu Ri Pyong Chol, vice-presidente da comissão militar central
do partido, citado pela agência de notícias estatal KCNA.
O Japão já tinha sido informado pela Coreia do Norte sobre o
próximo lançamento de um satélite, um projecto que o governo japonês considera
que irá ocultar o lançamento de um míssil balístico.
De acordo com Tóquio, Pyongyang disse à Guarda Costeira japonesa
que lançaria um foguete entre 31 de Maio e 11 de Junho e que este deveria
pousar numa área próxima ao Mar Amarelo, Mar da China Oriental e Leste da
China, Ilha de Luzon, nas Filipinas.
A Coreia do Norte já testou mísseis balísticos em 2012 e depois
em 2016, que qualificou como lançamentos de satélites e que sobrevoaram o
departamento insular de Okinawa, no sul do Japão.
Em meados de Maio o líder norte-coreano inspeccionou o satélite
de reconhecimento militar que o regime já tinha anunciado que iria lançar este
ano, referindo que estava “pronto a ser instalado”.
Kim Jong-un visitou com a filha o comité criado na capital do
país, Pyongyang, para o lançamento do aparelho, de acordo com imagens divulgadas
em 17 de Maio pela agência de notícias estatal KCNA.
As imagens divulgadas mostravam o satélite deliberadamente
desfocado, colocado numa plataforma e ligado a cabos, enquanto Kim e a filha,
de toucas, batas brancas e com umas capas a cobrir os sapatos para evitar a
entrada de sujidade no recinto, recebem explicações de cientistas.
Têm surgido dúvidas quanto à capacidade deste satélite, com
alguns analistas sul-coreanos a afirmarem que nas fotografias que vieram a
público este parece demasiado pequeno e mal concebido para suportar imagens de
alta resolução.
As fotografias que meios de comunicação norte-coreanos
divulgaram de lançamentos de mísseis anteriores eram de baixa resolução.
Kim aprovou na altura “o futuro plano de acção do comité
preparatório”, referindo que “o lançamento bem sucedido do satélite de
reconhecimento militar é uma exigência urgente, dado o actual ambiente de
segurança no país” e acrescentou que seria também “um claro passo em frente” no
“campo da investigação espacial” para a Coreia do Norte, notou a agência.
O líder norte-coreano afirmou ainda na altura que, “à medida que
os imperialistas norte-americanos e os bandidos fantoches sul-coreanos
intensificam desesperadamente a campanha de confrontação com a República
Popular Democrática da Coreia (nome oficial da Coreia do Norte), esta exercerá
de forma mais digna e ofensiva a sua soberania e direito de autodefesa para os
impedir resolutamente e defender o Estado”.
No final do ano passado, o regime norte-coreano lançou, a bordo
de um projéctil desconhecido, um dispositivo de teste que terá supostamente
tirado fotos da capital sul-coreana, Seul, e da cidade portuária vizinha de
Incheon, e afirmou que o objectivo era ter o satélite concluído até Abril.
Recentemente, foram retomados os trabalhos de modernização da
base de lançamento espacial de Sohae, no noroeste do país, embora os peritos
consideram que ainda há muito trabalho a fazer antes de poder ser lançado um
satélite a partir do local.
Alguns peritos, citados pela agência de notícias Efe, não
excluem a possibilidade de o regime optar por lançar este satélite de
reconhecimento a partir de uma plataforma móvel. ANG/Angop
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