Legislativas
antecipadas/PAI-Terra Ranka exige a PR que pare "de
interferir na campanha eleitoral”
Bissau,24 Mai 23(ANG) - A
coligação eleitoral Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) -- Terra Ranka exigiu ao
Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que pare "de interferir na
campanha eleitoral" e cumprir a lei, em carta aberta terça-feira enviada ao chefe de
Estado.
Na carta, a coligação pede a
Umaro Sissoco Embaló para "parar de interferir na campanha eleitoral,
nomeadamente através de declarações de apoio a uns partidos, de convocação
explícita dos guineenses a não votarem na PAI - Terra Ranka, ou de anúncios de
intenção de não nomear fulano ou beltrano, caso o PAIGC, no quadro da sua
coligação, ganhe as eleições".
A coligação PAI -- Terra
Ranka, é liderada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC), que venceu as últimas legislativas, realizadas em 2019, mas que foi
afastado do Governo.
Na semana passada, o chefe
de Estado disse publicamente que não iria nomear primeiro-ministro Domingos
Simões Pereira ou Geraldo Martins, presidente e vice-presidente do PAIGC,
respetivamente, caso a coligação PAI -- Terra Ranka fosse vencedora das
legislativas de 04 de junho.
O Presidente admitiu,
contudo, uma coligação entre a PAI -- Terra Ranka e o Movimento Alternância
Democrática (Madem-G15), apoiado pelo chefe de Estado, do qual é também um dos
fundadores, e criado por um grupo de dissidentes do PAIGC.
"Além de configurar uma
flagrante violação da lei, essas atitudes não são dignas de um Presidente da
República e só vêm demonstrar que tem plena consciência do lado a que o pêndulo
eleitoral está a dirigir-se", refere-se na carta, enviada também para a
comunidade internacional, sociedade civil e imprensa.
A PAI -- Terra Ranka alerta
o Presidente da República que a sua "interferência na campanha
eleitoral", que decorre até 02 de junho, "não deixará de ter consequências",
porque representa "uma afronta aos guineenses" e porque "nada
poderá impedir que a vontade do povo se realize".
"A soberania reside no
povo e não em qualquer outra entidade", salienta a coligação liderada pelo
PAIGC.
A PAI -- Terra Ranka exige
também que seja retirada do material de propaganda eleitoral dos partidos
políticos candidatos às legislativas a imagem do Presidente guineense por
violarem a lei eleitoral e "ordenar às forças de defesa e segurança para
não se imiscuírem no processo eleitoral, fora da missão que lhes está
consignada".
A coligação alerta também
para a "ilegalidade de todos os atos de governação que não configurem a
gestão de assuntos correntes do país, mormente a assinatura de acordos
internacionais, sem a existência de um programa e orçamentos aprovados, e sem o
aval dos órgãos de supervisão e controlo".
O chefe de Estado dissolveu
o parlamento em maio de 2022 e formou um Governo de iniciativa presidencial.
A PAI -- Terra Ranka
denunciou também os "atos de governação que se têm multiplicado com a
simples intenção de enganar o povo com soluções milagrosas a questões que nunca
mereceram a sua preocupação e para as quais não tem qualquer solução
realista".
É pedido também ao chefe de
Estado para se abster de "encontros de caráter político" por
"configurar uma tentativa de adulteração do jogo democrático e de
favorecimento de uns em detrimento de outros" e para adiar para o período
pós eleitoral a receção de dignitários estrangeiros, para "evitar
constrangimentos de ordem protocolar e de segurança".
Duas coligações e 20
partidos políticos iniciaram em 13 de maio a campanha eleitoral para as sétimas
eleições legislativas de 04 de junho da Guiné-Bissau, depois de o parlamento
guineense ter sido dissolvido em 18 de maio de 2022.
A campanha eleitoral vai
decorrer até 02 de junho.ANG/Lusa
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