Timor-Leste/Presidente quer processo rápido de formação de Governo
Bissau, 24 Mai 23 (ANG) - O Presidente timorense, José
Ramos-Horta, disse hoje que deseja um processo rápido de formação do novo
Governo, para permitir a eventual aprovação de um Orçamento rectificativo,
saudando a população pela forma exemplar como participou nas legislativas de
domingo.
"Quero que processo
seja rápido: formação de governo e apresentação do programa do governo,
apresentação do rectificativo. E é necessária muita seriedade de parte de todos
à questão do processo de adesão à ASEAN", disse José Ramos-Horta à Lusa,
numa reacção à votação de domingo, que deu a vitória ao Congresso Nacional para
a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão.
O chefe de Estado
referia-se ao processo de adesão à Associação de Nações do Sudeste Asiático
(ASEAN), organização na qual Timor-Leste tem estatuto de observador.
No caso do processo até
à formação do novo Governo, Ramos-Horta antecipa que os novos deputados do
parlamento tomem posse "na segunda semana de Junho" e que o executivo
assuma funções uma semana depois.
Ramos-Horta deixou ainda
uma palavra para os vencedores: "Espero que quem ganhou revele a grandeza
de quem ganha, a humildade dos grandes e dê o primeiro passo, cumprimentar os
declarados vencidos".
O Presidente deixou uma
mensagem de congratulação a toda a população timorense, vincando o
"excepcional comportamento cívico", e a participação "em número
recorde" no voto, com a taxa de abstenção a ser de menos de 18%.
"Os partidos
políticos comportaram-se bem, não houve qualquer ato de violência. Os
incidentes de violência registados, não foram obviamente provocados ou criados
pela liderança política ou partidos, foram elementos isolados a agirem por
conta própria", afirmou.
"A democracia
timorense é real, está enraizada no quotidiano e na cultura timorenses",
enfatizou.
Apesar disso, notou,
houve alguns "incidentes isolados de retaliação pós-eleições",
especialmente na zona de Ermera, onde uma timorense "perdeu o seu
quiosque, que foi queimado, e um senhor perdeu todos os porcos que tinha por
retaliação".
No rescaldo eleitoral,
Ramos-Horta defendeu uma revisão da lei eleitoral e do sistema de votação,
considerando que o país continua a usar "tecnologia do século XX",
quando deveria digitalizar todo o processo eleitoral.
"Vou exigir que se
faça, que o STAE faça esse trabalho. Para que de futuro um timorense possa
votar em qualquer ponto do país ou do mundo, sem termos que gastar fortunas
para montar o sistema na altura da votação", afirmou.
É ainda necessário,
defendeu, actualizar adequadamente os cadernos eleitorais, para remover
cidadãos já falecidos, e que se melhore o sistema de comunicação da contagem a
todos os jornalistas e à população em geral.
"Não pode haver
monopólio de seja quem for, um órgão do Estado, ou seja quem for. Tem de haver
total acessibilidade para qualquer media para todos acompanharem ao momento o
ato e as contagens", disse.
A única forma de
acompanhar a progressão da contagem foi visitando o próprio Secretariado
Técnico de Administração Eleitoral (STAE), para observar o escrutínio em dois
ecrãs, ou através de uma retransmissão desses dados pela Rádio e Televisão de
Timor-Leste (RTTL).
Esse sinal com os dados
da contagem não foi disponibilizado a qualquer outro órgão de comunicação
social e não existia num sítio online.
O chefe de Estado saudou
declarações do actual ministro da Presidência de Conselho de Ministros, Fidelis
Magalhães, que hoje disse à Lusa que o executivo está a preparar uma transição
"condigna e de qualidade" para o novo executivo.
O Congresso Nacional
para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, venceu as eleições
parlamentares de domingo, mas sem maioria absoluta, obtendo a maior vitória de
sempre, garantindo 31 dos 65 lugares do parlamento.
Em segundo lugar ficou a
Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), registando o pior
resultado de sempre do partido em termos percentuais, perdendo quatro dos
actuais 23 lugares. ANG/Angop
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