Nova Iorque/ONU considera “imperativo” fornecer financiamento previsível e flexível à União Africana
Bissau,
26 Mai 23(ANG) – A Organização das Nações Unidas (ONU) considerou quinta-feira
um “imperativo” fornecer financiamento “previsível, flexível e sustentável” às
operações de paz da União Africana (UA), apelando ao Conselho de Segurança que
aprove a atribuição de contribuições fixas.
Numa
reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pelo Gabão, Gana e Moçambique
para discutir o financiamento das operações de apoio à paz lideradas pela UA, a
subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos e de Consolidação
da Paz, Rosemary DiCarlo, frisou a necessidade de colocar essas operações em
“bases sólidas”.
“Ao
longo dos últimos 20 anos, a UA demonstrou a sua disponibilidade para enviar
rapidamente operações de apoio à paz em resposta aos conflitos armados no
continente. (…) Porém, essas missões enfrentaram alguns problemas recorrentes,
como défice de financiamento, a ausência de capacidades operacionais e
logísticas necessárias, assim como facilitadores e multiplicadores de força”,
observou.
“Embora
o apoio fornecido pela ONU e outros parceiros tenha sido útil e apreciado,
também foi frequentemente imprevisível”, sublinhou DiCarlo.
A
questão das contribuições fixas da ONU para financiar as operações de apoio à
paz lideradas pela União Africana já vem sendo discutida há vários anos pelo
Conselho de Segurança, que tem reconhecido cada vez mais o papel pró-ativo da
UA e a sua capacidade reforçada para responder rapidamente a conflitos e crises
no continente.
No
entanto, no passado, alguns membros do Conselho opuseram-se fortemente à adoção
de um compromisso claro de financiar essas operações com contribuições fixas da
ONU, como foi o caso do projeto de resolução proposto em 2018 pelos então
membros do Conselho Costa do Marfim, Etiópia e Guiné Equatorial.
Entre
os argumentos contra contribuições fixas da ONU estão questões relacionadas com
a adesão das operações de apoio à paz lideradas pela União Africana aos quadros
de responsabilização e conformidade e à partilha de encargos.
Nesse
sentido, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou este mês um
relatório com recomendações sobre como garantir o apoio às operações lideradas
pela UA.
Na
reunião de hoje, a subsecretária-geral não só indicou que a UA se tem esforçado
nos últimos anos para responder à natureza mutável dos conflitos em África – desde
o Sahel à Somália, passando por Moçambique, entre outros -, como se tem
comprometido em aumentar as suas próprias contribuições financeiras.
“A
UA, em cooperação com a ONU e a União Europeia, também se moveu para
desenvolver e operacionalizar uma estrutura de conformidade para atender às
obrigações internacionais de direitos humanos e leis humanitárias, bem como
padrões de conduta e disciplina”, destacou DiCarlo.
De
acordo com a subsecretária-geral da ONU, o argumento para o financiamento
adequado das operações da UA “está mais do que sólido”, manifestando “esperança
de que o Conselho de Segurança concorde em fornecer o seu apoio, inclusive
permitindo o acesso às contribuições fixas da ONU”.
“Como
declarou o secretário-geral, uma ação concreta sobre esta questão de longa data
abordará uma lacuna crítica na arquitetura internacional de paz e segurança e
reforçará os esforços da União Africana para enfrentar os desafios de paz e
segurança no continente”, concluiu Rosemary DiCarlo.
Na
reunião, que se realizou precisamente no Dia de África e que contou ainda com
um minuto de silêncio pelos ‘capacetes azuis’ mortos em missão, o comissário da
UA para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Bankole Adeoye, defendeu que as
contribuições fixas serão do interesse de todos os membros da comunidade
internacional.
Numa
declaração conjunta, Gana, Gabão e Moçambique relembraram a longa jornada que
África percorreu na busca para se tornar um parceiro efetivo do Conselho de
Segurança na manutenção da paz no continente africano, defendendo assim um
financiamento previsível, adequado e sustentável da ONU para as ações de paz da
UA.
Na
reunião, países como Estados Unidos da América, França e Reino Unido
reconheceram a vantagem que a UA tem dado a operações de apoio à paz e garantiram
estar empenhados em trabalhar em prol de um mecanismo financeiro funcional que
permita um apoio previsível e sustentável a essas operações.
“É
imprescindível que o Conselho avance especificamente para garantir esse
financiamento sustentável e duradouro”, disse a delegação francesa.
ANG/Inforpress/Lusa
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