Addis Abeba/União Africana reclama
representação no G20 e no Conselho de Segurança da ONU
Bissau, 25 Mai 23 (ANG) - A União Africana
(UA) reiterou hoje, coincidindo com a celebração do Dia da África, a sua
exigência de que o continente tenha assentos permanentes no G20 (grupo de
países industrializados e emergentes) e no Conselho de Segurança da ONU.
"Chegou
o momento de permitir que a voz de África ressoe em todo o mundo", afirmou
Azali Assoumani, chefe de Estado das Comores e presidente em exercício da UA em
2023, numa cerimónia na sede da organização, em Adis Abeba, para comemorar o
Dia de África.
A
este respeito, Assoumani afirmou que, durante o seu mandato à frente da
organização pan-africana, tentará "convencer os homólogos do G20 da
necessidade urgente de a União Africana se tornar membro de pleno direito desta
instituição".
"Através
desta presença permanente, a nossa organização, a União Africana, terá a
oportunidade de dar a sua opinião sobre as grandes decisões económicas e
financeiras que lhe dizem respeito", observou.
"É
também nesta direção que reitero o apelo a reformas que permitam ao nosso
continente dispor de um ou mesmo mais lugares permanentes no Conselho de
Segurança das Nações Unidas", reclamou o líder da UA.
Esta
nova representação, acrescentou, serviria para "pôr fim à injustiça que
sempre foi infligida” ao continente africano.
O
presidente do Conselho de Segurança da União Africana (UA) falava num evento
para assinalar o 60.º aniversário da sua antecessora, a Organização de Unidade
Africana (OUA).
A
OUA, que foi substituída pela União Africana em 2002, foi fundada em 25 de maio
de 1963 na capital etíope, data em que se celebra todos os anos o Dia de
África.
Na
cerimónia, Azali Assoumani sublinhou que a OUA atingiu "dois grandes
objetivos num contexto histórico particular, nomeadamente: a conclusão da
descolonização de África e o fim do ‘apartheid’ na África do Sul".
Apesar
destes "resultados positivos e apreciáveis", Assoumani admitiu que
"continuam a existir algumas injustiças", mas apelou à prossecução
das "ambições de unidade, paz e desenvolvimento".
Assoumani
salientou também que África continua a enfrentar "desafios
significativos".
"As
transferências de poder inconstitucionais multiplicaram-se nos últimos anos. Os
conflitos intra-africanos, mas também o terrorismo, persistem e,
consequentemente, a paz, a segurança, a democracia e o desenvolvimento do nosso
continente estão ameaçados em várias das nossas regiões", alertou.
Entre
as realizações positivas, destacou a criação da Zona de Comércio Livre
Continental Africana (AfCFTA), que pretende "tornar-se um dos maiores
mercados mundiais nos próximos anos".
O
primeiro-ministro da Etiópia (país que acolhe a sede da UA), Abiy Ahmed,
participou no mesmo evento e sublinhou hoje que, 60 anos depois, "África é
o segundo continente mais populoso" do mundo, com "uma população
estimada em mais de 1,4 mil milhões de pessoas".
"Até
2050, espera-se que mais de metade do crescimento da população mundial ocorra
no nosso continente. Prestar atenção a África significa prestar atenção a um
continente que será o lar de uma em cada quatro pessoas até 2050. De facto,
esta é uma oportunidade que temos de aproveitar", sublinhou Abiy.
Tal
como em anos anteriores, o continente foi felicitado no Dia de África por
personalidades internacionais, como o secretário-geral das Nações Unidas,
António Guterres.
"O
dinamismo de África é imparável e o seu potencial é impressionante. Neste Dia
de África, exorto a comunidade internacional a apoiar o continente. Com
cooperação e solidariedade, este pode ser o século de África", afirmou, na
sua conta do Twitter.
O
presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, entre outros, também desejou
aos africanos um "Feliz Dia de África".
"Este
continente vibrante e o seu povo maravilhoso estão-me muito próximos.
Partilhamos as mesmas ambições: construir juntos um espaço comum de paz,
segurança, prosperidade e progresso. Este é o nosso dever comum para com as
jovens gerações de África e da Europa", acrescentou Michel no Twitter.
ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário