Afeganistão/Aministia denuncia "crimes contra a humanidade" no tratamento das mulheres
Bissau, 26 Mai 23 (ANG) - Desde
o regresso ao poder dos talibã, em Agosto de 2021, direitos como educação,
trabalho ou liberdade de movimentos deixaram de existir para as mulheres e
meninas no Afeganistão levando a Amnistia Internacional a pedir uma
investigação sobre crimes contra a humanidade cometidos contra as mulheres
como prisões aleatórias, desaparecimentos forçados e tortura.
Um novo relatório da
Amnistia Internacional revelado hoje alerta que desde Agosto de 2021 as
condições de vida da smulheres no Afeganistão se degradaram a um ponto que o
tratamento dos talibã devia ser investigado como "crimes contra a
humanidade", especialmente porque qualquer forma de participação política
e pública das mulheres é completamente poribida.
Esta é uma violação, segundo esta organização, dos direitos
humanos no país, pedindo a todos a todos os países do Mundo que impeçam a
circulação dos altos quadros desta organização. Este relatório deve ainda dar
lugar a uma investigação mais aprofundada por parte das Nações Unidas.
Noutro relatório também
divulgado recentemente, que se intitula "Morte em Câmara Lenta", a
Amnistia Internacional deu a conhecer a realidade de milhões de mulheres que
vivem no Afeganistão sob o domínio dos talibã e como as suas condições de vida
se degradaram desde o seu regresso ao poder em Agosto de 2021. Para isto, esta
organização internacional falou com 90 mulheres e 11 meninas, dos 14 aos 74
anos, que vivem em 20 das 34 províncias existentes no país.
Desde a educação, em que as meninas que frequentavam o ensino
secundário se viram impossibilidadas de continuar a estudar, até às
funcionárias públicas que durante vários anos puderam integrar a administração
do país e que há quase dois anos são obrigadas a ficar em casa, as condições de
vida das mulheres e meninas no país deterioram-se com os talibã com este regime
a "dizimar" os seus direitos, segundo a Aministia Internacional.
Com muitas mulheres a serem despedidas também no sector privado,
esta organização alerta que muitas perderam as suas fontes de rendimento,
deixando-as numa pobreza profunda. As mulheres viram também cortada a sua
liberdade de circulação, andando primeiro acompanhadas por um homem em
distâncias longas e agora sendo mesmo recomendado que não saiam de casa a não
ser que seja estritamente necessário.
Antes de os talibã voltarem ao poder, o Afeganistão tinha criado
uma rede de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica, mas, entretanto,
todo esse sistema desapareceu, com muitos destes abrigos a serem fechados e os
seus trabalhadores a serem ameaçados. As mulheres são também detidas arbitrariamente
por crimes "contra a moral" como estarem acompanhadas na rua por
homens que não pertençam à sua família e não estarem vestidas correctamente.
Esta organização revela também que o número de casamentos precoces
e o número de casamentos forçados aumentou substancialmente, revelando um caso
em que uma menina de 13 anos foi forçada a casar com um homem de 30 anos, com o
homem a pagar 670 euros à família da criança.
As mulheres que tentaram protestar contra a situação no país foram
violentamente presas, muitas vezes ameaçadas com armas e detidas ilegalmente,
sendo submetidas a tortura e outras formas de abuso na prisão.
Nas suas recomendações, a Amnistia Internacional pede aos países das Nações Unidas que pressionem "em todas as oportunidades" o regime talibã a respeitar os direitos das mulheres e financiarem projectos no terreno levados a cabo por mulheres que visem proteger outras mulheres, continuando a ajudar no esforço de reconstrução da economia e Estado de Direito no país.ANG/RFI
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