Banguecoque/Junta
militar bloqueia ajuda humanitária externa a zonas atingidas por ciclone – ONU
Bissau,18
Mai 23(ANG) – A ONU denunciou hoje que a junta militar de Myanmar (antiga
Birmânia) está a impedir o envio de ajuda humanitária internacional para as
zonas atingidas pela passagem no domingo do ciclone Mocha, que poderá ter
deixado centenas de mortos.
A
falta de acesso, denunciada também pela oposição aos militares, entre outros,
torna difícil saber com precisão a situação no terreno e o número de vítimas
mortais, que as autoridades disseram ser de pelo menos 60.
Uma
das áreas de maior preocupação é o estado de Rakhine (oeste), uma região onde
centenas de milhares de membros da minoria muçulmana rohingya – não reconhecida
pelas autoridades e perseguida pelo exército – vivem há anos em precários
campos de refugiados.
“O
acesso sem restrições às comunidades afectadas é necessário para fornecer
assistência humanitária imediata que salve vidas. A restrição da junta militar
às viagens e acesso às áreas afectadas é um acto bárbaro”, disse nas redes
sociais o autoproclamado Governo de Unidade Nacional, oposição ao regime que tomou
o poder por meio de um golpe em Fevereiro de 2021.
O
porta-voz no Sudeste Asiático do Escritório das Nações Unidas para a
Coordenação de Assuntos Humanitários, Pierre Peron, confirmou à agência de
notícias EFE que as autoridades mantêm restrições à entrada de ajuda
internacional.
“Há
cenas de devastação generalizada”, em Sittwe e outras cidades do oeste de
Myanmar, disse a representação da ONU, que referiu estar preparada “para
avaliar toda a extensão da situação humanitária, assim que for concedido acesso”.
A
organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse à EFE que as
dificuldades geográficas e de segurança para aceder aos campos de deslocados,
que já existiam, “agravaram-se” após o ciclone.
“Realmente
precisamos de atenção urgente para facilitar o acesso à população afectada”,
afirmou um porta-voz dos MSF, expressando preocupação com a falta de água
potável e a situação da saúde pública após a catástrofe.
A
Embaixada dos EUA em Myanmar enfatizou na rede social Twitter que “é essencial
que as organizações humanitárias possam aceder e ajudar as comunidades mais
necessitadas”, anunciando um fundo adicional para ajuda de emergência.
Com
ventos de até 195 quilómetros por hora, o Mocha deixou 24 mortos em Khaung Doke
Kar e 17 em Bu Ma, perto de Sittwe, disseram as autoridades locais e residentes
à agência francesa AFP.
“Haverá
mais mortes, porque mais de 100 pessoas estão desaparecidas”, avisou Karlo, um
chefe de Bu Ma.
A
oposição ao regime militar estima que o ciclone teria causado a morte de pelo
menos 455 pessoas, 431 das quais em Rakhine.
Em
2008, o ciclone Nargis devastou o delta do Irrawaddy em Myanmar e matou 138 mil
pessoas. ANG/Inforpress/Lusa
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