Dubai/Negociadores da COP 28
focam-se nos combustíveis fósseis
Bissau, 06
Dez 23 (ANG) - Os negociadores da COP 28 focaram-se na principal causa do
aquecimento global, os combustíveis fósseis, depois de dias a limar arestas em
questões relevantes sobre as alterações climáticas,
Cientistas, ativistas e representantes da
Organização das Nações Unidas (ONU) têm detalhado repetidamente como o mundo
precisa deixar de usar carvão, petróleo e gás.
Na 28.ª Conferência das Partes da Convenção
- Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas, abreviadamente COP 28, que decorre
nos Emirados Árabes Unidos (EAU), abriu na terça-feira um designado “dia da
transição energética”, com uma sessão dirigida por dirigentes de topo de duas
empresas petrolíferas.
Os negociadores produziram um novo rascunho
do que se espera venha a ser o documento principal destas negociações, mas é de
tal modo aberto nas suas 24 páginas que não avançam pistas sobre o que pode
ficar acordado quando a COP acabar na próxima semana. Seja o eu for aprovado
tem de o ser por consenso.
"É muito geral", disse o
presidente executivo da COP, Adnan Amin, à Associated Press (AP), na
terça-feira. "Penso que dá uma boa base para se avançar. E estamos
particularmente satisfeitos por ter sido apresentado tão cedo".
Isto vai dar tempo para as negociações,
acrescentou Amin, em especial quanto ao futuro dos combustíveis fósseis,
"onde vai haver um processo de envolvimento muito intensivo".
O cientista climático Bill Hare, presidente
executivo da Climate Analytics, afirmou que a questão central da COP "é
alcançar uma conclusão sobre o abandono dos combustíveis fósseis". Se isto
não for conseguido, previu a deterioração da ruptura climática: "Duvido
que se veja uma melhoria na temperatura".
As opções contempladas no rascunho sobre o
futuro dos combustíveis fósseis vão desde "uma redução gradual da energia
baseada no carvão" a "uma saída ordenada e justa dos combustíveis
fósseis".
Outro cientista climático, Niklas Hohne, do
New Climate Institute, a propósito, considerou. "Precisamos de sair dos
combustíveis fósseis, sem subterfúgios".
Porém, apontou, "nesta conferência, há
muitos subterfúgios colocados na mesa das negociações, (...) principalmente
para prolongar a vida dos combustíveis fósseis, e um é a conversa sobre a
manutenção dos combustíveis fósseis".
A intenção de manter o uso dos combustíveis
fósseis remete para a captura e armazenagem das emissões, uma tecnologia que
tem sido muito falada, mas que ainda não provou a sua validade, apontaram Hohne
e outros cientistas.
Na terça-feira, as organizações de Hohne e
Hare divulgaram uma actualização do Rastreador da Ação Climática (Climate
Action Tracker), que acompanha as promessas, políticas e ações e calcula o
impacto na subida da temperatura média global.
Com base nas promessas feitas pelos
dirigentes, apuraram que o mundo está seguindo na direção errada.
Há um ano, os compromissos dos Estados, se cumpridos, levariam a um aumento da
temperatura média global em 2,4 graus Celsius (ºC), em relação ao período
pré-industrial.
A actualização indica que o valor deste
aumento é agora de 2,5 ºC, disse a autora principal do trabalho de rastreamento
Claire Stockwell, da Climate Analytics.
"Muitos, muitos países continuam a
financiar expansões significativas dos combustíveis fósseis", disse Ana
Missirliu, analista do New Climate Institute.
"E no último ano, desde a anterior
COP, vimos uma cascada de anúncios, a começar desde logo pelos Emirados Árabes
Unidos, cujo plano de investimento de 150 mil milhões de dólares na expansão da
sua indústria de petróleo e gás excede largamente, muito largamente o seu plano
de investimento em energia renovável", disse. ANG/Angop
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