Moçambique/Serviço militar obrigatório passa de dois para cinco anos
Bissau, 14
Dez 23 (ANG) - O parlamento moçambicano aprovou hoje, em
definitivo, a proposta
de revisão legislativa aumentando de dois para cinco anos o tempo mínimo de
cumprimento do serviço militar obrigatório, mas apenas com os votos favoráveis
da maioria da Frelimo.
A proposta de revisão do
Lei do Serviço Militar foi levada à Assembleia Nacional pelo Governo, que alega
a necessidade de retenção de militares nas Forças Armadas, e recebeu 160 votos
a favor na sessão plenária de hoje da bancada da Frente de Libertação de
Moçambique (Frelimo, no poder), e 43 votos contra da oposição, da Resistência
Nacional Moçambicana (Renamo) e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Na declaração após a
votação na especialidade e final, a bancada da Frelimo defendeu a posição
favorável a esta alteração alegando que "vai criar condições para tornar
mais robusta a instituição militar", e "garantir a retenção e
profissionalização dos militares", além de "imprimir maior dinamismo
nas Forças Armadas".
A revisão à Lei do
Serviço Militar estabelece o aumento de dois para cinco anos no tempo mínimo de
serviço nas tropas gerais e de dois para seis anos a permanência nas forças
especiais.
Introduz a modalidade de
convocação direta para as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM),
mediante autorização do ministro da Defesa Nacional, a responsabilização
criminal aos recrutas e militares faltosos e impõe o pagamento de multas aos
dirigentes de instituições públicas e privadas que não exijam a apresentação da
declaração da situação regularizada.
A Renamo ainda pediu a
avocação nesta votação final dos dois artigos que aumentam o período do serviço
militar obrigatório, tendo o apoio do MDM, mas a Frelimo chumbou a proposta.
Na declaração de voto,
contra, a bancada parlamentar da Renamo alegou que este alargamento
"interrompe" o estudo e trabalho dos jovens moçambicanos e
"retarda a integração normal" na sociedade, sendo "exagerado e
humanamente inaceitável".
Já a bancada do MDM
apontou que a seleção para o Serviço Militar tem sido feita à base "dos
filhos dos menos favorecidos", rejeitando o alargamento: "Esse
menino, no seu regresso, não tem apoio, não tem assistência, não tem
integração".
A revisão da lei mantém
a idade mínima de 18 anos e máxima de 35 anos para o ingresso no serviço
militar em Moçambique.
O Presidente
moçambicano, Filipe Nyusi, disse em 06 de Dezembro que o aumento de dois para
cinco anos do tempo mínimo de cumprimento do serviço militar visa garantir a
retenção de pessoal experiente.
"Esta revisão visa
a retenção e disponibilidade de pessoal experiente. Vivi casos em que os meus
generais ficavam muito desesperados depois de formar forças especiais, com o
conhecimento que os outros não tinham, mas porque já tinham feito dois anos
tinham de sair, antes de executar as missões", declarou Filipe Nyusi.
Para o chefe de Estado,
a alteração visa evitar "um desperdício" que "envolvia
custos". "Essa lei eu corrigi", afirmou Filipe Nyusi.
A província de Cabo
Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques
reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta
militar desde Julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos
projetos de gás.
O conflito já fez um
milhão de deslocados, de acordo com dados das agências das Nações Unidas, e
cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
O Presidente moçambicano
pediu em Novembro "decisões" sobre a capacidade de resposta das
Forças Armadas em Cabo Delgado, nomeadamente com reservistas, tendo em conta a
prevista retirada das forças estrangeiras que apoiam no terreno contra os
grupos terroristas em Julho de 2024.
"Decisões concretas
sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em relação à sua ação no
combate ao terrorismo em Cabo Delgado no período após a retirada das forças
amigas da SAMIM (missão da SADC em Moçambique) e do Ruanda", pediu Nyusi. ANG/Angop
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