Portugal/Marcelo diz que não fala com homólogo da Guiné-Bissau desde que esteve em Bissau
Bissau,
06 Dez 23(ANG) –O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou,
em resposta à agência Lusa, que não esteve nem falou com o Presidente
guineense, Umaro Sissoco Embaló, desde que esteve em Bissau, a meio de
novembro.
Esta
informação foi enviada hoje à agência Lusa, em resposta a um pedido de
comentário do Presidente da República sobre a situação na Guiné-Bissau e sobre
declarações do presidente do parlamento guineense, Domingos Simões Pereira, em
que é visado.
“O
Presidente da República não esteve, nem falou com o Presidente da República da
Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, desde a visita à Guiné-Bissau no passado
dia 16 de novembro de 2023. Tal como o Governo, também não se pronunciou sobre
a situação da Guiné-Bissau até agora”, foi a resposta enviada à Lusa pela
assessoria de comunicação da Presidência da República.
Marcelo
Rebelo de Sousa esteve em Bissau entre 15 e 16 de novembro, juntamente com o
primeiro-ministro português, António Costa, a participar na comemoração oficial
dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau.
Em
entrevista à agência Lusa, hoje divulgada, o presidente da Assembleia Nacional
Popular da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, acusou as autoridades
portuguesas de se deixarem utilizar pelo chefe de Estado guineense, Umaro
Sissoco Embaló, “em vez de contribuir para o reforço da estabilidade, para a
construção de instituições democráticas”.
“As
autoridades portuguesas ouvem essa menção e não fazem questão de denunciar e de
se distanciar dessa realidade, tornam-se cúmplices daquilo que está a acontecer
neste momento”, afirmou Domingos Simões Pereira, que preside ao Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que lidera a
coligação no Governo da Guiné-Bissau.
De
acordo com Simões Pereira, Umaro Sissoco Embaló invocou uma suposta conversa
com Marcelo Rebelo de Sousa a propósito da sua decisão de dissolver o
parlamento guineense, a pretexto de uma alegada tentativa de golpe de Estado.
Para
o presidente do parlamento guineense e do PAIGC, a presença das autoridades
portuguesas na Guiné-Bissau “dá um sinal de aval àquilo que é a atuação das
entidades que vêm recebendo essas autoridades”.
“Eu
não posso admitir que vivendo esta situação que já é tida como crónica em
termos de instabilidade, Portugal, em vez de contribuir para o reforço da
estabilidade, para a construção de instituições democráticas, deixe-se usar
para este tipo de menções, que realmente nos arrastam”, criticou.
A
Guiné-Bissau vive uma situação de tensão e instabilidade, após a detenção, em
30 de novembro, do ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e do
secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, ambos dirigentes do PAIGC,
no âmbito de um processo relacionado com pagamentos a empresários.
Os
acontecimentos precipitaram-se com efetivos da Guarda Nacional a irem buscar os
dois governantes às celas da Polícia Judiciária, a que se seguiram confrontos
entre esta força militarizada e efetivos do batalhão do Palácio Presidencial.
O
PAIGC lidera a coligação PAI–Terra Ranka, no Governo, juntamente com o Partido
da Renovação Social (PRS), Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG) e mais
cinco pequenas formações políticas. Esta coligação venceu as eleições
legislativas de 04 de junho deste ano e elegeu 54 dos 102 deputados.
O
Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), que apoia
o Presidente da República e lidera a oposição na Guiné-Bissau, considerou
os confrontos militares como uma tentativa de golpe de Estado.
Na
segunda-feira, após uma reunião do Conselho de Estado, o Presidente Umaro
Sissoco Embaló anunciou a decisão de dissolver o parlamento.
O
presidente do parlamento qualificou essa decisão como um golpe de Estado
constitucional, tendo em conta que nos termos da Constituição guineense a
Assembleia Nacional Popular não pode ser dissolvida nos 12 meses posteriores à
sua eleição. ANG/Inforpress/Lusa
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