ONU/Guiné-Bissau precisa de “cultura de tolerância política”, diz Leonardo Simão
Bissau,16 Jan 24(ANG) – O Representante especial do
secretário-geral da ONU para a África Ocidental e Sahel, Leonardo Simão comentou,em entrevista
a ONU News, as repetidas crises
institucionais na Guiné-Bissau e pediu mais tolerância
na política.
Disse que é preciso criar espaços para a participação de todos na construção de um Estado “estável e respeitável”.
A Guiné-Bissau
enfrenta um período prolongado de instabilidade política, que resultou na
dissolução recente do Parlamento.
Segundo o representante especial da ONU para a
África Ocidental e o Sahel esse cenário prejudica o desenvolvimento do país e a
confiança de parceiros.
“O
desafio principal que Guiné-Bissau tem é reganhar a confiança dos parceiros, e
para isso é preciso que haja tolerância política no país, para que cada uma das
entidades tenha seu espaço de existência. Cada uma dessas entidades fazendo o
seu papel, mas todas contribuindo para a construção de um Estado estável, um
Estado respeitável. E isso não pode ser trabalho de uma única entidade. O
Estado faz-se da diferença. É como uma mão. Os dedos da mão não são iguais, mas
todos eles contribuem para que a mão funcione como uma entidade para o
benefício do próprio organismo. Por isso, nosso apelo à Guiné-Bissau é que
desenvolvam uma cultura de tolerância política, que criem espaço para a participação
de todos”, disse .
Em
reunião do Conselho de Segurança na quinta-feira passada, Simão avaliou que o
país deve buscar uma revisão constitucional que esclareça que a divisão de
poderes é essencial para romper definitivamente o ciclo de instabilidade que
aflige a nação africana.
“É
um país que tem tido crises de repetição e que atrasam de uma maneira bastante
grave os esforços de desenvolvimento. Nós estamos mobilizando esforços, e boas
vontades e entidades diversas para apoiar o país rumo ao desenvolvimento, mas
cada vez que nós abordamos alguns parceiros, eles falam sempre de falta de
estabilidade, de que todo esforço que possam vir a fazer, vais ser prejudicado
porque quando menos se espera, há de haver uma crise política no país”
Segundo
o relatório apresentado por Simão aos membros do Conselho de Segurança, o país
teve novos membros da Assembleia Nacional Popular empossados em 27 de julho,
com Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano da Independência da
Guiné e Cabo Verde, unanimemente eleito presidente do Parlamento.
Em
14 de agosto, um novo governo de 19 membros, liderado pelo primeiro-ministro
Geraldo João Martins, foi empossado. A primeira sessão ordinária do Parlamento
começou em 14 de novembro, mas tensões entre líderes políticos surgiram,
levando a confrontos armados em 1 de dezembro.
O
presidente Umaro Sissoco Embaló dissolveu a Assembleia em 4 de dezembro,
alegando uma "tentativa de golpe", o que foi contestado por várias
partes. Em 12 de dezembro, Geraldo João Martins foi reconduzido como
primeiro-ministro, mas foi substituído em 20 de dezembro por Rui Duarte
Barros.
Em
21 de dezembro, Embaló empossou um novo governo de "iniciativa
presidencial", com 24 ministros e nove secretários de Estado. ANG/ONU NEWS
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