quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Moçambique/Venâncio Mondlane regressa a Maputo e mostra-se disponível para diálogo

Bissau, 09 Jan 25 (ANG) - O candidato presidencial e líder da oposição Venâncio Mondlane chegou, esta quinta-feira de manhã, a Maputo, depois de mais de dois meses a liderar a contestação aos resultados das eleições gerais a partir do exterior.

Mondlane manifestou-se disponível para o diálogo e para negociar, mas acusou as autoridades de "uma espécie de genocídio silencioso".

Foi sob fortes medidas de segurança na zona do aeroporto internacional de Maputo que Venâncio Mondlane regressou ao país, após mais de dois meses a liderar a contestação aos resultados das eleições gerais a partir do exterior.

Pouco depois de aterrar em Maputo, Venâncio Mondlane manifestou-se disponível para o diálogo e para negociar.

“Quero quebrar a narrativa de que estou ausente por vontade própria da iniciativas de diálogo, estou aqui em carne e osso para dizer que se querem negociar, dialogar comigo, querem ir à mesa de negociações estou aqui presente para o diálogo”, disse.

O líder da oposição justificou o seu regresso com o facto de não poder continuar fora do país quando o povo está a ser massacrado” e acusou o regime de "uma espécie de genocídio silencioso".

Apercebi-me que o regime optou por uma estratégia de criar uma espécie de genocídio silencioso, as pessoas estão a ser sequestradas nas suas casas, estão a ser executadas extrajudicialmente nas matas, estão a ser descobertas as valas comuns com supostos apoiantes de Venâncio Mondlane.

Eu acho que não posso estar ao fresco, bem protegido, quando o próprio povo, que está no suporte da minha candidatura, dos meus valores, está a ser massacrado.

Questionado se está disposto a assumir um cargo executivo, o candidato presidencial referiu que a única função que pretende assumir é a de “defender este povo, de lutar por este povo, lutar pela verdade, lutar pela justiça, lutar pelos valores”.

Mondlane repetiu que não aceita os resultados eleitorais proclamados pelo Conselho Constitucional e que dão a vitória ao candidato apoiado pela Frelimo, no poder, Daniel Chapo, cuja posse está marcada para 15 de Janeiro.

Venâncio Mondlane acrescentou que quer estar no país “nos bons e nos maus momentos como um sujeito histórico activo” e disse querer “fazer isso aqui dentro do país, independentemente dos riscos associados a essa situação”.

 Não me interessa o que eu vou passar, mas eu vou a Moçambique e vou provar que eu não estive em Moçambique por medo, por receio de ser morto, de ser preso, isso são coisas pequenas, temporais, passageiras. O que faz história são os valores que tu defendes, é o sacrifício que estás disponível a passar a favor dos outros, a favor da unidade.

Depois de ter chegado, Mondlane foi para o centro da capital, mas a polícia dispersou, com recurso a tiros e gás lacrimogéneo, uma multidão de apoiantes que o ouviam, com pessoas a serem atingidas, de acordo com a agência Lusa.

Já antes de aterrar em Moçambique, ouviram-se tiros e houve gás lacrimogéneo nas imediações do aeroporto, onde os apoiantes de Mondlane estiveram concentrados para acolher o candidato. Mas os acessos estavam bloqueados e fortemente vigiados pela polícia e por militares.

Ainda esta manhã, cinco partidos políticos moçambicanos asseguraram, após novo encontro com o Presidente Filipe Niusy, que estão abertos a integrar o candidato presidencial Venâncio Mondlane no diálogo interno. Foi Daniel Chapo, o candidato declarado vencedor das presidenciais, quem leu o comunicado de imprensa conjunto da Frelimo, Renamo, Podemos, MDM e Nova Democracia. Daniel Chapo anunciou que os partidos políticos vão formar grupos de trabalho que incluem comissões técnicas para discutir reformas estatais para colocar fim à crise pós-eleitoral no país. ANG/RFI

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