sexta-feira, 2 de junho de 2017

Ensino



Conselho Permanente de Concertação Social reúne-se hoje para encontrar solução para greve dos professores 

Bissau,02 Jun 17 (ANG) – O Governo convocou para hoje uma reunião do Conselho Permanente da Concertação Social para encontrar uma solução para greve em curso no sector do ensino, iniciada desde o dia 29 de Maio em reivindicação da aplicação da Carreira Docente e atrasados salariais. 
Foto Ilustrativo

A informação consta no comunicado de Conselho de ministros lido na Televisão Nacional da Guiné (TGB), no qual o governo instruiu o ministro da Função Publica e Trabalho, Tumane Baldé à convocar um encontro de urgência com os membros de Conselho Permanente de Concertação Social para debater, exclusivamente, a situação da greve e tomar medidas necessárias para a retoma das aulas.

No comunicado, o colectivo governamental aprovou com  emendas o Orçamento Geral de Estado para o ano económico  2017, que prevê uma receita de 173 mil e 298 milhões de francos CFA e uma despesa no  mesmo valor e um défice de 49 mil e 576 milhões de francos CFA.

O documento refere que a missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) terminou a sua terceira avaliação sobre a política económica de forma satisfatória, na qual destacou os progressos registados na gestão das finanças públicas, graças a instituição de um Comité de Tesouraria que permitiu o maior controlo das despesas, sobretudo das despesas não tituladas.

O FMI, segundo o comunicado, constatou ainda a melhoria da administração tributária e aduaneira, que contribuiu para o aumento das  receitas, assim como o crescimento económico que atingiu o 5 por cento.

Com este resultado, conforme o executivo, o país poderá beneficiar de um crédito alargado de 3 mil e 30 milhões de dólares de direitos especiais da parte do FMI.  

Por outro lado, o executivo aprovou a nomeação de Ansumane Camará para desempenhar as funções do Secretário-geral do Ministério da Educação Nacional de Ensino Superior e Investigação Científica. 

Em consequência desta nomeação é dada por fim da comissão de serviço do antigo titular. 

ANG/LPG/ÂC/SG



quinta-feira, 1 de junho de 2017

Sociedade

ACOBES confirma aumento de preços de produtos de primeira necessidade nos mercados do país

Bissau,01 Jun 17 (ANG) – O Presidente da Associação de Consumidores de Bens e Serviços (ACOBES) confirmou hoje o aumento de preço de diversos produtos no mercado nacional, não só dos géneros alimentícios bem como de materiais de construção.

Em declarações à Agência de Notícias da Guiné- (ANG) Fodé Caramba Sanhá disse que neste memento um ovo que era 100 francos está  a custar 150 francos CFA, uma lata de sal 100 Francos agora é 250 francos e saco de arroz de 50 quilo que era de 16 mil custa actualmente 17 mil francos e um saco de 25 quilos que custava oito mil passou a custar agora 11 mil francos.

O Presidente da ACOBES disse ter registado ainda o aumento de preço nos materiais de construção, sobretudo no cimento que sofreu uma subida significativa de 3.500 para 5000 mil francos CFA.

Disse que o aumento se deve a falta de acompanhamento do mercado da parte das autoridades e sobretudo das instituições responsável para regulamentação do mercado em termos de importação e da margem de lucro, referindo se ao Ministério do Comercia e da Economia e Finanças.

Por outro lado afirmou que o aumento se deve também a falta de seguimento, que está a ser aproveitado pelos comerciantes retalhistas para elevar o preço dos produtos, sem motivos para tal, porque não houve aumentou nenhuma da taxa de importação dos produtos.

Por isso, Carambá Sanhá pediu a intervenção da inspecção-geral do comércio e do departamento de controlo do Ministério das Finanças, porque o aumento que se verifica no mercado atingiu materiais de construção, e provocou a redução da quantidade de açúcar por cada quilo, e de algumas hortaliças.

Fodé Carambá Sanhá questiona a falta de actuação do departamento no Ministério da Economia e Finanças responsável para acompanhamento de balanços e de medidas no mercado, facto que considera de  muito penoso para os funcionários.

Perante esta realidade, O Presidente da ACOBES defende a criação de um Conselho Economico e de Dialogo Social que irá apoiar o governo no controlo do preço no mercado, à semelhança do que se verifica noutros sectores, como por exemplo o sector de transportes e petrolífero.

A ANG tentou falar com o Inspector- geral do Ministério do Comércio e Promoção Empresarial, para mais esclarecimentos sobre o aumento do preço dos produtos no mercado, mas sem secesso.

ANG/LPG/JAM/SG


Desporto/Justiça


Presidente da Federação Nacional de Futebol  ouvido pelo Ministério Público

Bissau, 01 Jun 17 (ANG) – O Presidente da Federação Nacional de Futebol da Guiné-Bissau,Manuel Nascimento Lopes(Manelinho) foi ouvido hoje pelo Ministério Publico, sobre as acusações de desvio de 400 milhões de Francos CFA de apoio dado pela FIFA, na véspera da participação da turma nacional no CAN-2017 Gabão, de que foi alvo.

No entanto, a saída da audição, que durou mais de três horas, quer o acusado quer  o seu advogado, Basílio Sanca ninguem prestou declarações à imprensa, deixando apenas uma promessa de organizar uma  conferencia de imprensa em breve sobre o assunto.

Inum Embalo, ex-vice-presidente da Federacao de Futebol acusou o Manelinho e a Secretaria Geral da FFGB de se terem apropriado da soma acima mencionada para fins pessoais.

A Secretaria Geral da FFGB, Virginia da Cruz já foi ouvida pelo Ministerio Público, que a impediu de ter acesso à sua sala de trabalho, para além da viatura que lhe fora retirada.

ANG/LLA/SG





Cimeira de CEDEAO


Partidos  do Espaço de Concertação aguardam "medidas de impacto imediato” contra infractores do Acordo de Conacri

Bissau, 01 Jun 17 (ANG) - Os partidos do Espaço de Concertação esperam que a Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), prevista para 04 de Junho corrente em Monróvia(Libéria), tome medidas claras de impacto imediato para evitar consequências imprevisíveis na crise guineense.

Esta posição consta numa carta enviada ao Presidente da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO Ellen Johnson Sirleaf com objectivo de pedir a implementação do Acordo de Conakry para solucionar a crise vigente no país.

O grupo defende que Augusto Olivais é o nome escolhido para cargo de Primeiro-ministro dos três nomes propostos pelo Presidente da República e que, portanto, foi confirmado pelo mediador da crise, Alpha Conde e o Presidente da Comissão da CEDEAO, Marcel de Souza.

No entanto, o Presidente Vaz nomeou Úmaro Cissokho Embaló, invocando o seu entendimento do Acordo de Conacri”, lamenta o grupo no documento redigido no passado 30 do mês em curso.

Acrescenta que os guineenses, que mantêm uma grande esperança na implementação do Acordo de Conakry, enquanto quadro ideal para a saída definitiva da crise política, estão estupefactos pela reacção do Presidente da República.

“É difícil compreender o procedimento do Presidente Vaz, uma vez que foi ele quem solicitou a mediação da CEDEAO, que assinou o Acordo de Bissau, que remeteu três nomes ao mediador em Conakry, para a escolha de um Primeiro-ministro de consenso e que invocou o Acordo de Conakry para demitir o governo dirigido por Baciro Djá, mas que  hoje declara publicamente que não foi signatário desse acordo”, lê-se na missiva.

Os partidos do Espaço de Concertação sublinham que a rejeição do Acordo de Conakry pelo Presidente da República muda completamente os paradigmas do dossier e põe em causa todas as medidas de acompanhamento do referido acordo subscrito pela CEDEAO e toda a comunidade internacional.

 “É impossível hoje manter o satus quo. As manifestações pacíficas já reprimidas de forma violenta vão prosseguir e há o risco de precipitar o país ao caos. A crise persiste em todos os sectores da vida nacional. As instituições públicas estão bloqueadas. As escolas públicas estão encerradas há cerca de três semanas devido sa greves sucessivas dos professores e o ano escolar poderá estar comprometido”, denuncia ainda o grupo.


O Espaço de concertação reúne os partidos: PAIGC, o Nova Democracia, da Convergência Democrática, da Unidade Nacional, União para a Mudança, Manifesto do Povo e o Partido Socialista de Trabalho.  

ANG/AALS/JAM/SG

Clima


Meteorologia prevê precipitação normal entre Junho e Setembro do ano em curso

 Bissau 01 Jun. 17 (ANG) – O director da área climática do Instituto Nacional de Meteorologia da Guiné-Bissau disse  hoje que, entre os meses de Junho e Setembro deste ano, vão registar-se periodos de chuvas normais

 Tcherno Luís Mendes falava na cerimónia de Restituição das Previsões Sazonais de Características Agro-Hidro-Climáticas dos países Sudano- Sahelianos para a Campanha Agrícola 2017/18.

Afirmou que a as precipitações serão mais intensas entre Junho e Agosto em todo o território nacional, com excepção da zona sul e que depois deste periodo haverá uma redução gradual da queda de água das chuvas.

“Isto é, haverá muita chuva nas zonas norte e centro do país, ao contrario das zona sul e ilhas que irão continuar a apresentar pouca chuva”, disse Tcherno Mendes que, com estas previsões, perspectiva um bom ano agrícola para os produtores guineenses.

O técnico climático lembrou que as previsões podem sofrer alterações de vez em quando e, no caso de ocorrer qualquer mudança, promete que a sua instituição irá manter informado o publico sobre a situação pluiviométrica.

Questionado sobre o porquê  que a zona sul irá registar fraca chuva, de acordo com as previsões, Tcherno Mendes respondeu que tem a ver com as mudanças nos oceanos que jogam um papel fundamental na questão do aumento ou diminuição das águas.

“Como os camponeses já sabem que haverá muita chuva este ano, devem acatar as informações cultivando variedades de acordo com o nível da precipitação”, informou.

Por seu turno, o Secretário Permanente Nacional do Comité Inter-estados de Luta Contra Seca no Sahel (CILLS),em representação do ministro da Agricultura Florestas e Pecuária disse que nos últimos anos a Guiné-Bissau tem sido confrontada com grandes problemas devido a irregularidade na distribuição das chuvas o que tem dificultado muito aos agricultores.

Mário Benício Indafa frisou ainda que os sectores primários casos da agricultura, pecuária, exploração florestal e as pescas constituem a espinha dorsal da economia nacional.

“Por isso, difundimos as informações sazonais a nível do país para que os utilizadores estejam na altura de aproveitarem os conselhos de uma forma correcta”, disse. 

ANG/MSC/ÂC/JAM/SG


Diplomacia


Embaixadores da Austrália, Mauritânia e Serra Leoa entregam cartas credencias ao PR

Bissau, 01 Jun 17 (ANG) - O Presidente da República José Mário Vaz recebeu, esta quarta-feira, as cartas credenciais dos embaixadores plenipotenciários da Comunidade da Austrália e da República Islâmica da Mauritânia e da Serra Leoa.

Em declarações à imprensa a saída do encontro, o embaixador australiano para a Guiné-Bissau, com residência em Portugal, Peter Rayner mostrou-se satisfeito por desempenhar o cargo junto do Estado guineense.

Peter Rayner disse que há duas companhias petrolíferas australianas interessadas em ajudar o desenvolvimento da Guiné-Bissau através da extração do petróleo no mar.

Aquele diplomata disse que pretende formular um convite ao presidente da Câmara do Comércio da Guiné-Bissau para participar, em Setembro, numa reunião em Sidney, onde estarão presentes todos os seus homólogos do mundo”, revelou.

Peter Rayner disse que o seu país já tinha muitos projectos de desenvolvimento nas áreas da agricultura e de assistência social em curso nas várias comunidades da Guiné-Bissau.

“Temos projectos de apoio às mulheres guineenses no processo de descasque de arroz e também ajudamos na construção de poços de água para as diferentes comunidades do país”, explicou.

Aquele diplomata declarou que antes de partir a sua equipa irá efectuar uma visita para alguns lugares nas regiões da Guiné-Bissau onde têm projectos em curso.

Por sua vez, o embaixador da República Islâmica da Mauritânia no país, Cheikna Nenni Moulaye Zeine disse que falou com o Presidente da República sobre os acordos de cooperação entre os dois países.

“O presidente guineense efectuou recentemente uma visita ao seu homólogo da Mauritânia durante a qual assinaram um conjunto de acordos, dentre as quais um documento quadro sobre a consulta periódica em matéria da politica à ser implementado na Guiné-Bissau”, salientou.

Por último, o embaixador extraordinário da Serra Leoa para a Guiné-Bissau, Aladje Souleymane Darame enalteceu a relação de cordialidade entre os dois países e prometeu trabalhar  para o reforço da amizade entre os dois povos.

“Temos muitos cidadãos Serra-leonenses que vivem nas comunidades guineenses e o meu trabalho vai ser de garantir as suas estadias neste país assegurar de que estejam a cumprir com as leis da Guiné-Bissau”, disse.

ANG/FGS/JAM/SG



Saúde infantil


Fundação João XXIII e AIDA  socorrem criancas com problemas cardíacos

Bissau, 01 Jun 17 (ANG) – A Fundação João XXIII em parceira com a organização não-Governamental espanhola Ajuda, Intercambio e Desenvolvimento” (AIDA) já enviaram mais de doze crianças guineenses para o tratamento de cardiopatia, no hospital pediátrico do centro universitário de Coimbra, em Portugal.

Numa entrevista exclusiva à Agência de Notícias da Guiné (ANG), a representante da Fundação João XXII no país, Maria Filomena De Oliveira disse que o gesto faz parte do programa de rastreio de cardiopatia nas crianças da Guiné-Bissau coordenada pela equipa médica do centro pediátrico do centro hospitalar e universitário de Coimbra.

“Já levamos para Portugal 12 crianças com problemas cardíacos dentre as quais nove já estão tratadas e voltaram ao país e os restantes três voltarão no mês de Agosto deste ano”, afirmou.

Maria Filomena De Oliveira revelou ainda que vão levar, para Portugal, mais três crianças com problemas cardíacos graves para tratamento, e disse que voltarão daqui à quatro meses.

Disse que têm a garantia da fundação João XXIII que assume o termo de responsabilidade de que estas crianças vão e voltam.

“Este programa, que implementamos há um ano, constitui um motivo de orgulho para a nossa organização”, afirmou.

Aquela responsável explicou que trouxeram de Portugal uma médica especialista em cardiopatia pediátrica para especificamente, fazer o trabalho de rastreio de cardiopatia na clinica “Ceu e Terra” com a ajuda da AIDA.

Maria De Oliveira disse que durante os trabalhos no terreno a equipa médica com que trabalham faz a seleção de casos de crianças que precisam ser internadas ou de uma intervenção cirúrgica urgente no exterior.

“Os centros de saúde públicos e hospitais do país entregam à AIDA uma listas com nomes de crianças que necessitam de ser tratadas no exterior e esta depois faz a sua pré seleção segundo os casos e depois a Fundação João XXIII, através do seu programa de apadrinhamento em Portugal, trata de arranja famílias de acolhimento para receber as crianças durante a sua estadia naquele país lusófono.

Por sua vez, a médica portuguesa Andreia Francisco, que se encontra há três semanas no país, afirmou que a sua vinda para a Guiné-Bissau é no sentido de dar formação aos técnicos da saúde e também fazer um exame mais especializado para as crianças guineenses, “porque não há médicos guineenses especializados em cardiologia pediátrica”.

Andreia Francisco  viajou terça-feira  para Portugal levando consigo mais três crianças, uma dentre as quais necessita de uma cirurgia urgente, se não estará em perigo de vida. 

ANG/FGS/JAM/SG



Clima


Retirada dos EUA do acordo de Paris

Bissau, 01 Jun 17 (ANG) - Donald Trump já decidiu que vai retirar os EUA do acordo de Paris sobre alterações climáticas, assinado em Dezembro de 2015 por Barack Obama, revelam vários meios de comunicação norte-americanos.

Apesar de ainda não serem conhecidos os contornos da saída, a Fox News e o site Axios garantem que Trump já tomou a decisão, que vai colocar os EUA ao lado da Nicarágua e Síria, como os únicos países que não se juntaram ao esforço global de redução de emissões poluentes. 

Ambos os meios, que citam fontes próximas de Trump, não detalham quando o Presidente irá fazer o anúncio oficial.

Segundo o site Axios, citado pela agência Reuters, Trump está agora a ponderar os pormenores da decisão. 

Pode anular formalmente a assinatura do acordo de Paris, opção que pode demorar três anos a concretizar, ou retirar os EUA do tratado das Nações Unidas onde se baseia o acordo sobre as alterações climáticas. Uma decisão mais rápida, mas também mais drástica. 

ANG/JA



Política


Primeiro-ministro exorta polícia a usar qualquer método para manter dignidade do Estado

Bissau,01 Jun 17(ANG) - O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, exortou quarta-feira a polícia a usar "qualquer método, que achar conveniente", para restaurar a dignidade do Estado e não permitir a anarquia no país.

De regresso de uma viagem de trabalho a Israel, Sissoco Embaló reagiu, ainda no aeroporto de Bissau, aos incidentes ocorridos no último sábado, na sequência de uma manifestação de cidadãos inconformados com a crise política, que provocou dezenas de feridos, entre os quais sete polícias.

Para o primeiro-ministro guineense, situações como aquelas não se podem repetir.

Umaro Embaló disse ter trazido de Israel "gás lacrimogéneo" para a polícia "se defender melhor".

"Onde já se viu alguém a agredir a polícia até lhe partir a cabeça. Em que país é que estamos", questionou Embaló, citando outros países democratas onde, disse, a polícia também reage contra os manifestantes quando passam dos limites.

O chefe do governo guineense disse também não compreender o inconformismo dos jovens que se manifestam nas ruas de Bissau, acusando-os de se deixarem misturar "com bandidos" para perturbar a ordem pública.

Sobre a ameaça de haver sanções contra os líderes do país por parte da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), Umaro Sissoco Embaló afirmou que não está minimamente preocupado.

"Até me rio, porque vejo que as pessoas estão a dormir neste país. Sanção contra um Presidente da República, um primeiro-ministro", observou Embaló, que afasta essa possibilidade lembrando que na Guiné-Bissau "não houve golpe de Estado".


"Somos um governo legítimo em funções", sublinhou o primeiro-ministro guineense. 

ANG/Lusa

Crise política


Ramos-Horta quer pulso firme de José Mário Vaz

Bissau, 01 Jun 17(ANG) – A Guiné-Bissau continua confrontada com "grande imbróglio político", que exige uma posição firme do Presidente e uma solução guineense pela via do diálogo, defende José Ramos-Horta, em entrevista exclusiva à DW África.

O Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta apela à tranquilidade e ao entendimento na Guiné-Bissau. O político timorense pede ao Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, para reunir todas as partes do conflito na base de um diálogo sério com vista a salvar o país. 

A iniciativa presidencial, segundo José Ramos-Horta, deve durar o tempo que for necessário, até que seja possível definir uma agenda comum para os próximos 18 meses, que contribua para a estabilidade do país antes de eleições gerais.

Em Lisboa, José Ramos-Horta concedeu uma entrevista exclusiva à DW África, à margem das conferências do Estoril, que terminou quinta-feira em Cascais, Portugal.

O antigo Presidente de Timor-Leste, que representou as Nações Unidas em Bissau, depois do golpe de Estado de 2012, liderou a missão do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS, na sigla em inglês), criada para a consolidação da paz no país.

Para Ramos-Horta, o Presidente guineense José Mário Vaz "pode ainda salvar a sua presidência, salvar o país, se for inspirado por essa responsabilidade que é a de um chefe de Estado. Mas é necessário também que os outros deem as mãos, que também deem um passo ao encontro do Presidente".

" É preciso encontrar uma fórmula muito guineense para amenizar as tensões," refere o homem que também foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro de Timor-Leste.

Ramos-Horta sugere que a solução para a crise na Guiné-Bissau deveria contar "com a facilitação de algum amigo, alguém de confiança e com experiência".

"Todos os atores políticos e sociais guineenses participariam para estudarem uma agenda mínima de ano e meio para acalmar o país, resolver algumas questões de urgência e - havendo um acordo mínimo que apazigue os ânimos - vamos então mobilizar apoio da comunidade internacional para ajudar a resolver a falta de pagamentos, sarar algumas feridas económicas e sociais, algum défice que há, para também compensar," considera o político timorense.

Ramos-Horta diz que não quer dar lições a ninguém, mas sim "continuar a ajudar", facilitando o diálogo como observador - depois de ter servido, durante ano e meio, como representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, no tempo de Ban Ki-moon.
"Tenho andado em diálogo com gente das Nações Unidas, alertando o secretário-geral [António Guterres], o Departamento dos Assuntos Políticos, que é necessário fazer algo. 

Não se pode abandonar a Guiné-Bissau. Primeiro, apesar de tudo, o país não está em guerra. Não é Mali, não é República Centro-Africana nem Sudão do Sul. É preciso reconhecer o papel das Forças Armadas, que tem-se mostrado com muita disciplina, muita maturidade, não se imiscuindo mais nas querelas políticas da Guiné-Bissau. Tem que manter essa postura," defende.

José Mário Vaz e Ramos Horta encontraram-se em fevereiro deste ano em Bissau, entre as reuniões de consulta que o Prémio Nobel da Paz teve com várias autoridades e figuras da sociedade civil guineense.

Ramos-Horta esteve no país, na altura, para participar numa conferência sobre reconciliação e não numa missão de mediação – esclarece. Entende as manifestações de protesto contra o Presidente porque, afirma, "o povo está cansado, os jovens estão cansados, as escolas não funcionam, os funcionários não são pagos e, dado o imbróglio político, a comunidade internacional não liberta os dinheiros prometidos - e isso gera então contestação".

Devido a essa situação, "é preciso o Presidente tomar o pulso da situação com inteligência, com pragmatismo e com humildade," acrescenta.

Ramos-Horta dá a conhecer que não tem planos para regressar à Guiné-Bissau, mas deixa as portas abertas caso receba algum convite por parte das instituições soberanas guineenses, prometendo trabalhar sempre com as representações da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Africana (UA), União Europeia (UE) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). 

ANG/Rádio DW/África


Política


Dissidentes do PAIGC acusam partido de querer instalar caos na Guiné-Bissau

Bissau,01 Jun 17(ANG) - O grupo de dissidentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), principal partido da Guiné-Bissau, acusou quarta-feira a direção daquela formação política de pretender instalar o caos com recurso aos jovens.

A posição foi hoje assumida numa conferência de imprensa proferida por Tumane Mané e Tomás Barbosa, dois elementos do grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC.

Segundo aqueles dois dirigentes, o PAIGC "caminha para o abismo" devido à ação da sua liderança e "quer instalar o caos" no país, situação que, disseram, não será aceite pelos militantes do partido.

Mané e Barbosa acusaram a direção do partido liderado pelo ex-primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira, de estar a instigar os jovens para protagonizarem atos de violência no país, mesmo que seja enfrentando as forças de ordem.

No sábado passado, confrontos registados entre manifestantes do Movimento dos Cidadãos Inconformados com a crise política no país e a polícia provocaram dezenas de feridos, entre os quais sete polícias.

"Não podemos aceitar que o PAIGC seja transformado no instrumento de caos e de desestabilização" do país, enfatizou Tumane Mané.

Tomás Barbosa, que também é atual ministro da Cultura e Desporto, defendeu, por sua vez, que é errado quando os jovens "se deixam instrumentalizar" ao ponto de pensarem que a Guiné-Bissau é a mesma coisa que a Venezuela.

"As realidades são distintas", afirmou Tomás Barbosa, pedindo aos pais para não deixarem os filhos participarem em manifestações "encomendadas", disse.


ANG/Lusa

Desporto



Vice-presidente da federação de futebol demitiu-se

Bissau,01 Jun 17(ANG) - Amadu Nogueira, um dos vice-presidentes da federação guineense de futebol, demitiu-se quarta-feira das suas funções, alegando «falta de transparência na gestão» dos assuntos da instituição.

Antigo jogador profissional em Portugal, Amadu Nogueira, que se notabilizou no Gil Vicente nos anos 90, acusa o comité executivo da federação de se ter transformado numa instituição «cada vez mais opaca e com falta de transparência».

«Movo-me por valores, não estou disposto a ser confundido com quem se preocupa apenas em servir-se do futebol», declarou, em carta citada pela  agência Lusa.

Amadu Nogueira afirmou também que os atuais dirigentes o fizeram acreditar que tinham projetos para fazer progredir a modalidade «quando, na verdade, tinham apenas interesses pessoais».

«Renuncio ao cargo para que fui eleito por não ter rigorosamente nada que me identifique com os restantes membros da direção», lê-se ainda na carta dirigida ao comité executivo.

Nogueira sublinhou que se demite para denunciar «a farsa em que se transformou a federação de futebol da Guiné-Bissau.

A demissão do vice-presidente acontece num momento em que os atuais dirigentes da federação estão a ser investigados pela justiça e pelo governo, por suspeitas de má gestão de fundos da FIFA e da Confederação Africana de Futebol (CAF).

As suspeitas recaem sobre a secretária-geral, Virgínia da Cruz, que já foi ouvida no Ministério Público, e Manuel Lopes, o líder do organismo, que deverá ser ouvido esta quinta-feira pela mesma instância. 

ANG/Lusa



Cooperação


CPLP necessita de “mudança interna” devido a “défice de vontade política” ,diz António Monteiro

Bissau, 01 Jun 17 (ANG) – O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e diplomata António Monteiro considerou em Lisboa que a CPLP se tornou numa organização indispensável, mas necessita de uma “mudança interna” devido a “défice de vontade política”.

Ao considerar que o Brasil representa um caso específico, António Monteiro disse que os restantes países “negligenciaram um pouco” o valor da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Estava ali, e iam adiando. Houve durante muito tempo, e ainda há, um défice de vontade política em relação ao que deve ser a própria organização”, assinalou, já no período de perguntas e respostas após a sua conferência “Portugal e o Mundo Lusófono”, no âmbito do ciclo de conferências “Os Interesses de Portugal no Mundo”, promovido pela Universidade Autónoma e jornal Público, que decorre até 26 de Junho.

“Com tanta prioridade, nenhuma é prioritária. Não é possível fazer assim. Alguma mudança interna deve ser feita. Mas o facto de ser um défice da organização, não justifica que se olhe para a CPLP como quase um factor despiciente, um factor político-diplomático apenas para consolar e consolidar o sentimentalismo das nossas relações”, prosseguiu o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros no governo de Pedro Santana Lopes (Julho de 2004- Março 2005), ex-diplomata e um “construtor da CPLP”, como foi definido na apresentação pelo embaixador Francisco Seixas da Costa, presente na mesa também com o professor Luís Moita, em representação da universidade.

Ainda numa referência ao défice que detecta numa organização que ajudou a construir, António Monteiro salientou uma “excessiva intergovernamentalização”, que não a favorece e sublinhou as suas “potencialidade”.

No entanto, deixou uma nota positiva: “Mas há uma conquista, hoje em dia nenhum país membro da organização gostaria de sair da CLPL, ou de ser visto como contrário, ou ser suspenso. Temos essa vantagem já é uma organização indispensável”, sustentou o ex-diplomata, hoje envolvido no sector da banca privada.

António Monteiro reconheceu que, quando trabalhou de forma intensa neste projecto, se questionava sobre se esta organização seria uma prioridade para cada um dos governos dos países fundadores, e sem ter obtido uma conclusão definitiva.

“Desde o início, pensei que Portugal devia dar o exemplo e ter nomeado um embaixador junto da CPLP. Se temos embaixadores junto da União Africana, da União Europeia, criamos uma organização e a nossa obrigação e dos países-membros era ter nomeado e criado embaixadas. Passaram-se anos até ser o Brasil a nomear o primeiro embaixador”.

A adesão da Guiné Equatorial à CPLP foi outro assunto abordado no período de perguntas e respostas, com o ex-chefe da diplomacia a admitir tratar-se de “uma questão muito controversa”, relativa a um país “isolado dentro de África do ponto de vista da língua”, por ser um país de língua espanhola.

“A CPLP é uma organização intergovernamental, mas representa apenas governos? Estamos a falar de governos ou estamos a falar de países. Se nós pensarmos que os governos são transitórios e que os países em si são definitivos, julgamos a questão de maneira diferente”, adiantou, frisando que já existem aspectos positivos desta adesão, como a abolição da pena de morte, a melhoria “em alguns aspectos” da vida dos guineenses ou o envio de jovens deste país da África equatorial para escolas portuguesas.

O diplomata recordou que “se houver abusos extremos, também há outras medidas da CPLP a tomar, incluindo a própria suspensão. É muito difícil aplicar isso, porque dentro dos próprios países fundadores também houve problemas, com casos de chefes de Estado assassinados e golpes de Estado sucessivos”.

O ex-diplomata, que iniciou a carreira em Janeiro de 1968 “ainda com Salazar fora da cadeira”, como referiu, definiu no início da intervenção a CPLP como “uma partilha”, destacou os “pontos comuns”, pugnou por uma organização “aberta ao mundo e não fechada sobre si própria” e destacou a “importância fulcral” dos oceanos para este espaço político e cultural unido em torno da língua, “de quem ninguém é dono e que evoluirá”.

Definiu a CPLP como “uma mais-valia na cena internacional, num mundo global onde as afinidades são importantes”, e como “lugar privilegiado” numa era da globalização.

“Mas exige uma responsabilidade de quem governa. Não se pode exigir à CPLP aquilo que a CPLP não pode dar. Também não se pode apoiar uma CPLP que não dá às comunidades que supostamente deve servir uma ideia de utilidade e relevância. É necessário um equilíbrio”, avisou.

António Monteiro deixou também uma certeza sobre o futuro da organização que ajudou a fundar.


“É minha convicção de que a CPLP se vai afirmar cada vez mais como indispensável para o reforço e o progresso de todo o espaço de língua portuguesa e, para tal, tem de ser vista como uma verdadeira parceria. Não estar ao serviço dos interesses individuais de nenhum Estado, mas ao serviço dos interesses legítimos de todos os Estados e povos que a compõe”, concluiu.  

ANG/Inforpress/Lusa