ANC quer que Cyril Ramaphosa suceda a Jacob Zuma
Bissau, 14 Fev 18 (ANG) - O Congresso Nacional
Africano (ANC) exigiu terça-feira a demissão do atual presidente Jacob Zuma,
dando 48 horas para abandonar o cargo mas Zuma contrapropôs com entre três a seis meses para se demitir.
Jacob Zuma e Cyril Ramaphosa |
O histórico partido da luta contra o Apartheid
pretende que o controverso chefe do Estado seja substituído na presidência por
Cyril Ramaphosa (como já aconteceu, em Dezembro, na liderança da formação
partidária).
No poder há quase nove anos, Zuma viu a sua reputação
manchada ao longo dos anos por vários processos relacionados com corrupção.
O presidente, de 75 anos, deverá responder hoje ao
pedido de demissão depois de ontem ter requerido um período de transição de
três a seis meses para deixar o poder. Mas o ANC quer uma saída rápida.
Questionado em conferência de imprensa sobre quando é
que o presidente tem que responder ao pedido de demissão do ANC, o
secretário-geral do partido disse que não lhe foi dado um prazo, mas espera que
a resposta chegue hoje.
"Vamos deixar isso nas mãos do presidente Jacob
Zuma", declarou aos jornalistas Ace Magashule, fazendo questão de esclarecer
que a pressão do partido nada tem que ver com os escândalos de corrupção em que
o chefe do Estado tem visto o seu nome envolvido. "O presidente não foi
declarado culpado por nenhum tribunal. Quando tomámos esta decisão não foi
porque o camarada Jacob Zuma tenha feito alguma coisa de errado",
sublinhou o mesmo responsável, na sede do ANC em Joanesburgo.
Magashule confirmou que o presidente pediu um período
de transição de três a seis meses para sair, mas que os líderes do partido
rejeitaram, "por ser um período muito longo". O argumento é o de que
quanto mais tempo ele ficar no poder mais difícil será para o seu provável
sucessor, Cyril Ramaphosa, reconstruir a imagem do partido a tempo das eleições
de 2019. "Transição? Não. Este é um assunto urgente. Deve ser tratado com
urgência", afirmou o secretário-geral, reafirmando uma vez mais: "o
partido espera que ele saia".
Aquela que é a maior economia do continente africano
encontra-se um pouco estagnada, com bancos e empresas mineiras relutantes em
investir por causa da incerteza política que o país vive. Zuma já sobreviveu a
seis moções de censura apresentadas contra si desde 2010, tendo algumas vozes
do ANC começado a juntar-se às críticas que lhe eram dirigidas pela oposição.
Com a eleição de Cyril Ramaphosa para líder do ANC, em
Dezembro do ano passado (depois de derrotar uma ex-mulher de Zuma Nkosazana
Dlamini-Zuma), a confiança subiu e o rand, assinala a Reuters, começou a
valorizar face ao dólar.
Num país em relação ao qual muitos perguntam onde estão
afinal os seguidores e defensores do legado de Nelson Mandela, não é só Zuma
que tem manchas no CV.
Ramaphosa, de 65 anos, viu a sua popularidade afetada
pela morte de 34 mineiros em greve na mina de platina de Marikana, que era
explorada pela Lonmin e da qual era diretor não executivo. O massacre ocorreu
em agosto de 2012. Defendeu forte ação policial sobre os mineiros em greve.
Mais tarde veio pedir desculpas por aquele que foi o mais grave tiroteio
policial desde o fim do Apartheid em 1994.ANG/DN
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