África perde conceituado realizador Idrissa Ouedraogo
Bissau, 20 Fev 18 (ANG) - O realizador e
produtor burkinabé Idrissa Ouedraogo, conhecido por filmes como "A fúria das deuses",
ou "Tilaï"
, morreu Domingo, com 64 anos de idade.
Figura emblemática do cinema africano,
Idrissa Ouedraogo era um dos realizadores africanos mais conhecido a nível
internacional, e deixou uma obra de mais de quarenta filmes, alguns dos quais
premiados em prestigiosos festivais internacionais.
O realizador do Burkina Faso, Idrissa
Ouedraogo, faleceu neste Domingo numa clínica de Uagadugu, anunciou a União de
Cineastas deste País.
" Foi um embondeiro que caiu", afirmou o actor
burkinabé Gérard Sanou. Por seu turno, o Presidente de Burkina Faso, Roch Marc
Christian Kabore, publicou um comunicado no qual enviou as suas condolências à
família do realizador desaparecido, e à comunidade do cinema do País.
"A África perde um dos seus melhores embaixadores no
domínio da cultura ", afirmou Kabore. Reagindo igualmente à morte do cineasta do Burkina Faso, o realizador guineense Flora Gomes que o conheceu em 1989, durante o festival de cinema FESPACO, recorda a figura de Ouedraogo.
“De momento para outro já não fazia filmes
que queria. Acabou por ficar atrás da televisão para fazer telenovelas para
poder sobreviver. Acabou a era de cinemas africanos apoiados por europeus.
Quando é assim as coisas tornam mais difíceis”, lamentou Flora Gomes em
entrevista a RFI.
Da obra de Idrissa Ouedraogo constam cerca de quarenta
filmes, documentários e curtas-metragens. Alguns dos seus filmes receberam
prémios de grande prestígio :
Em 1986, realizou a sua primeira longa metragem,
"Yam daabo" ( A escolha), que foi recompensado com a Câmara de
Ouro, em Cannes, em 1987.
Dois anos mais tarde, "Yaaba" ganhou
o prémio da crítica de Cannes.
Com "Tilaï", Idrissa Ouedraogo
mostrou as tradições duma família de Burkina Faso, e obteve o grande prémio do
júri do festival de Cannes, em 1990.
Em 1993, o seu filme "Samba Traoré"
conta o regresso dum homem à sua aldeia natal, tentando mostrar que enriqueceu
trabalhando numa grande cidade. Mas o seu dinheiro tinha sido obtido através
dum assalto, e o homem acaba por ser punido pela Lei. Este filme obteve o Urso
de Prata, no Festival de Berlim.
Dada a importância do percurso deste cineasta, o
realizador guineense Flora Gomes não esconde alguma incompreensão perante o que
qualifica de "forma estranha" de o "continente africano perder
os nomes da cultura da dimensão de Idrissa Ouedraogo", referindo-se aos
seus últimos anos de vida. ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário