Sudão/Líderes políticos detidos e internet cortada em todo o país
Bissau, 25 Out 21(ANG) –
Homens não identificados detiveram hoje líderes políticos sudaneses, indicou
uma fonte governamental à agência de notícias France-Presse (AFP).
As detenções
acontecem após semanas de tensão entre as autoridades de transição civil e
militar.
A internet foi
cortada em todo o país, enquanto manifestantes se concentravam nas ruas da
capital, Cartum, para protestaram contra as detenções.
Estes
acontecimentos surgem apenas dois dias após uma facção sudanesa que pedia uma
transferência de poder para o Governo civil ter advertido sobre a preparação de
um golpe de estado numa conferência de imprensa que uma multidão de pessoas não
identificadas procurou impedir.
O Sudão tem estado
numa transição precária marcada por divisões políticas e lutas pelo poder desde
a expulsão do Presidente, Omar al-Bashir, em Abril de 2019.
Desde Agosto de
2019, o país tem sido governado por uma administração civil-militar encarregada
de supervisionar a transição para um regime totalmente civil.
O principal bloco
civil – as Forças pela Liberdade e Mudança (FFC) – que liderou os protestos anti-Bashir
em 2019, dividiu-se em duas facções opostas.
“A crise actual é
artificial – e assume a forma de um golpe”, disse o líder da FFC, Yasser Arman,
numa conferência de imprensa na capital, no sábado.
“Renovamos a nossa
confiança no Governo, no primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, e na reforma das
instituições de transição, mas sem (…) imposição”, acrescentou Arman.
As tensões entre os
dois lados já existem há muito tempo, mas as divisões foram exacerbadas após o
golpe falhado de 21 de Setembro.
Na semana passada,
dezenas de milhares de sudaneses marcharam em várias cidades para apoiar a
transferência total do poder para os civis e em resposta a uma concentração
rival de vários dias junto ao palácio presidencial em Cartum, na qual se exigia
um regresso ao “domínio militar”.
Hamdok descreveu
anteriormente as divisões dentro do Governo de transição como a “crise mais
grave e perigosa” que enfrenta a transição.
No sábado, Hamdok
negou os rumores de que tinha concordado com uma remodelação do gabinete,
salientado que não monopolizara o direito de decidir o destino das instituições
de transição.
Também no sábado, o
enviado especial dos EUA para o Corno de África, Jeffrey Feltman, reuniu-se com
Hamdok, com o presidente do órgão governamental do Sudão, o general Abdel
Fattah al-Burhan, e o comandante paramilitar Mohamed Hamdan Daglo.
Feltman “destacou o
apoio dos EUA a uma transição democrática civil, em conformidade com os desejos
expressos pelo povo sudanês”, segundo a embaixada dos EUA em Cartum.
Os analistas dizem
que as recentes manifestações mostram um forte apoio a uma democracia liderada
por civis, mas os protestos de rua podem ter pouco impacto nas facções que
pressionam para um regresso ao domínio militar.ANG/Inforpress/Lusa
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